Há dias, num artigo publicado no El País, o autor (que não retive o nome) insurgia-se contra aqueles que, como um lobby falso alarmista, invocam que o fim do euro terá como irremediável consequência o fim da União Europeia. Um alarme que, segundo ele, até a mais imediata observação da realidade demonstra ser completamente infundado. Dos 27 países da União Europeia, 10 não estão na Zona Euro, e não se têm dado mal com isso, nem os 17 têm reclamado.
Vistas as coisas, assim de relance, parece que nada impede que o euro acabe e a União se mantenha. Mas uma análise mais fina conduz à conclusão contrária. Sem euro, a União Europeia regredirá para uma união económica, de comércio livre, com regras não muito diferentes daquelas que caracterizam a união económica mundial, sucintamente designada por globalização. Sem barreiras alfandegárias, a competitividade dos países economicamente mais fragilizados seria procurada em desvalorizações cambiais e na redução de custos sociais, ambientais, entre outros. E a concorrência suportada por estes factores seria, obviamente, demolidora dos alicerces da União.
Se essa desagregação não se observou até agora, com 10 entre 27 fora do euro, foi porque três deles - Reino Unido, Suécia e Dinamarca - apresentam níveis de desenvolvimento económico e homogeneidade social que os dispensa do recurso a desvalorizações cambiais e têm mantido as suas moedas evoluindo muito sintonizadas com o euro. A libra desvalorizou 1% entre os extremos dos últimos 12 meses; a coroa dinamarquesa observa praticamente a mesma cotação, a coroa sueca valorizou menos que 1%. Do grupo dos sete do Leste, o forint húngaro desvalorizou 9% desde Setembro depois de se ter mantido colado ao euro até aí; a coroa checa não teve alteração; a Letónia viu a sua moeda (lat) valorizada em quase 2%, preparando a entrada no euro em 2012; a litas da Lituânia está colada ao euro; o mesmo acontecendo com a lev da Bulgária; a leu romena desvalorizou 1%, o zloty da Polónia desvalorizou, também sobretudo a partir de Setembro, 12,6%.
Conclui-se, portanto, que, dos 27 países membros da UE, 25 fazem parte, de direito ou de facto, da Zona Euro.
A globalização irá impor, muito provavelmente, regulamentação que evite que a guerra cambial se torne incontrolável e destrua o comércio livre, destruindo a paz global. A União Europeia, se desprovida de moeda única, iria em sentido contrário, e desmembrar-se-ia.
A moeda única europeia, contudo, requer institutos de salvaguarda que hoje ainda não existem e, por isso, está ameaçada. Mas essa é outra questão.
Conclui-se, portanto, que, dos 27 países membros da UE, 25 fazem parte, de direito ou de facto, da Zona Euro.
A globalização irá impor, muito provavelmente, regulamentação que evite que a guerra cambial se torne incontrolável e destrua o comércio livre, destruindo a paz global. A União Europeia, se desprovida de moeda única, iria em sentido contrário, e desmembrar-se-ia.
A moeda única europeia, contudo, requer institutos de salvaguarda que hoje ainda não existem e, por isso, está ameaçada. Mas essa é outra questão.
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