Um Instituto e uma Comissão, do mesmo Ministério, ocupam o mesmo edifício em Lisboa.
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Passado um guarda vento, à entrada existe, à esquerda, um pequeno balcão onde um segurança privado exerce as funções de recepcionista. Para quem se dirige ao Instituto, debita o nome e o número do bilhete de identidade que o segurança inscreve num caderno pautado acrescentando a hora de entrada. Depois pergunta: Com quem deseja falar? Respondemos, e o segurança diz: Então não é neste registo, este é para quem quer ir à Comissão. Risca a nossa entrada no primeiro e passa ao alternativo.
Para se ir ao Instituto, o segurança privado preenche uma guia onde coloca o nosso nome, o número do bilhete de identidade e pendura-nos ao pescoço, pendente de uma coleira azul e branca, um cartão com um V de visita que nos chega ao umbigo.
Pode entrar. Entrei. Só para um pedido de informação. Recebe-me, sorridente, uma segunda segurança privada, pergunta-nos ao que vamos, consulta o ficheiro, e entrega-nos um formulário para preenchimento. Solicito ao presidente do Instituto a marcação de uma reunião com um técnico engenheiro. Entrego, diz-me que espere que me chamem. Já na rua, tenho de voltar para trás para devolver o colar ao primeiro segurança.
Chamaram-me três semanas depois. O mesmo registo, o mesmo colar, o mesmo cartão. Subo de cartão pendurado, recebe-me o engenheiro e a chefe respectiva. Simpáticos. Faça o requerimento, será despachado favoralvelmente, não há razões legais para o contrário.
Requerimento feito, terei de aguardar um mês, nunca menos, avisa-me a segunda segurança, à saída.
Para quê? Para fazer um furo de captação de água para rega de uma pequena superfície.
Venho a caminho de casa e ouço na rádio que a troica vai exigir a saída de uns milhares de funcionários públicos excedentários.
Que vai ser feito deles?
Que vai ser feito deles?
A melhor ideia que me ocorre é que se empreguem na empresa de segurança privada.
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