A atribuição de subsídios de férias e de Natal, para além de representarem um esforço duplo de tesouraria naqueles períodos, são incentivadores de consumo perdulário que, geralmente, se traduzem em acréscimo de importações.
O governo está a deixar escapar uma oportunidade para terminar com uma prática lesiva dos interesses do país sem beliscar com o interesse dos trabalhadores: acabar com tais subsídios dividindo o valor anual pelos doze meses do ano.
E, se como acontece neste momento de crise, o governo tem de lançar mão a mais impostos sobre os salários, se esse aumento, como é o caso, não atingisse 14,2857%, o salário mensal líquido seria superior ao actual e, provavelmente, dirigir-se-ia mais para produções de origem nacional.
Evidentemente que o governo teria alguma dificuldade em impor essa prática fora dos limites do sector público. Mas poderia induzi-la tributando de forma agravada os subsídios pagos para além dos salários correspondentes aos doze meses do ano.
Aparentemente, contudo, ninguém deu ou quer dar por isso.
Acrescente-se que o pagamento de doze salários anuais é corrente nos EUA, na Alemanha, e em muitos outros países economicamente desenvolvidos.
8 comments:
O Teu 13º Mês Não Existe - FAZ AS CONTAS ( VERDADE OCULTA )
Os ingleses pagam à semana e claro, administrativamente é uma seca! Mas ... diz-se que há sempre uma razão para as coisas! Ora bem, cá está um exemplo aritmético simples que não exige altos conhecimentos de Matemática mas talvez necessite de conhecimentos médios de desmontagem de retórica enganosa. Que é esta que constroi mitos paternalistas e abençoados que a malta mais pobre, estupidamente atenta e obrigada, come sem pensar!
Uma forma de desmascarar os brilhantes neo-liberais e os seus técnicos (lacaios) que recebem pensões de ouro para nos enganarem com as suas brilhantes teorias...
Fala-se que o governo pode vir a não pagar aos funcionários públicos o 13º mês.
Se o fizerem, é uma roubalheira sobre outra roubalheira.
Perguntarão porquê.
Respondo: Porque o 13º mês não existe.
O 13º mês é uma das mais escandalosas de todas as mentiras do sistema capitalista,
e é justamente aquela que os trabalhadores mais acreditam.
Eis aqui uma modesta demonstração aritmética de como foi fácil enganar os trabalhadores.
Suponhamos que você ganha € 700,00 por mês. Multiplicando-se esse salário por 12 meses,
você recebe um total de € 8.400,00 por um ano de doze meses.
€ 700*12 = € 8.400,00
Em Dezembro, o generoso patrão cristão manda então pagar-lhe o conhecido 13º mês.
€ 8.400,00 + 13º mês = € 9.100,00
€ 8.400,00 (Salário anual) + € 700,00 (13º mês) = € 9.100 (Salário anual mais o 13º mês)
O trabalhador vai para casa todo feliz com o patrão.
Agora veja bem o que acontece quando o trabalhador se predispõe a fazer umas simples contas
que aprendeu no 1º Ciclo:
Se o trabalhador recebe € 700,00 mês e o mês tem quatro semanas, significa que ganha por semana € 175,00.
€ 700,00 (Salário mensal) / 4 (semanas do mês) = € 175,00 (Salário semanal)
O ano tem 52 semanas. Se multiplicarmos € 175,00 (Salário semanal) por 52 (número de semanas anuais) o resultado será € 9.100,00.
€ 700,00 (Salário semanal) * 52 (número de semanas anuais) = € 9.100.00
O resultado acima é o mesmo valor do Salário anual mais o 13º mês
Surpresa, surpresa ? Onde está portanto o 13º Mês?
A explicação é simples, embora os nossos conhecidos líderes nunca se tenham dado conta desse facto simples.
A resposta é que o patrão lhe rouba uma parte do salário durante todo o ano, pela simples razão de que há meses com 30 dias,
outros com 31 e também meses com quatro ou cinco semanas (ainda assim, apesar de cinco semanas o patrão só paga quatro semanas)
o salário é o mesmo tenha o mês 30 ou 31 dias, quatro ou cinco semanas.
No final do ano o generoso patrão presenteia o trabalhador com um 13º mês, cujo dinheiro saiu do próprio bolso do trabalhador.
Se o governo retirar o 13º mês aos trabalhadores da função pública, o roubo é duplo.
Daí que, como palavra final para os trabalhadores inteligentes. Não existe nenhum 13º mês.
O patrão apenas devolve o que sorrateiramente lhe surrupiou do salário anual.
Conclusão: Os Trabalhadores recebem o que já trabalharam e não um adicional.
Acrescente-se que o pagamento de doze salários anuais é corrente nos EUA, na Alemanha, e em muitos outros países economicamente desenvolvidos.
Pois. E como somos um país económica e tecnológicamente muito desenvolvido até nos bastava só onze.
Obrigado pelo seu comentário, António.
No entanto, ele não corresponde ao tema deste meu apontamento.
Eu não proponho, antes pelo contrário, que o trabalhador receba menos. O que proponho é que receba mais mas durante dize meses.
Deste modo, salvo melhor opinião,reduzir-se-ia a propensão para consumos supérfluos que são importados.
Pense, por exemplo, nas toneladas de presentes durante o Natal que quem recebe deita fora ou manda para o sótão no dia seguinte.
Pense nas toneladas de brinquedos que execedem em muito a capacidade das crianças para os desfrutar.
Pense nas viagens ao estrangeiro porque receberam um ordenado adicional.
Por outro lado, não sei se o António tem experiência de gestão financeira de um empresa. Os meses de Verão e o de Novembro são muitas vezes dramáticos.
A tesouraria deve ter um fluxo de saída tão próximo quanto possível das entradas.
Aliás, seria de toda a justiça fiscal, que os recebimentos que vão para além do ordenado mensal (os bónus e os prémios) fossem tributados de forma mais gravosa que os salários regulares. Pois acontece o contrário.
Aliás, seria de toda a justiça fiscal, que os recebimentos que vão para além do ordenado mensal...
Mas o "subsídio de Natal" é o pagamento que ficou em falta durante o resto do ano. Não viu? Seja como for, os brinquedos para crianças e que tal deviam ser proibidos. Gasta-se muito dinheiro nisso, desiquilibra-se a balança comercial e não há necessidade disso. Ficava-se só pelos brinquedos dos adultos, os Porsche, os Bentley os Maserati, os Ferrari, aqueles relógios caríssimos e assim.
"Ficava-se só pelos brinquedos dos adultos, os Porsche, os Bentley os Maserati, os Ferrari, aqueles relógios caríssimos e assim."
Os brinquedos, não, mas o excesso deles não servem sequer para as crianças. Enjoam com tanta tralha.
Mas é evidente que os gastos sumptuários deveriam ser escrutinados e confrontados com as declarações de IRS e IRC.
Não posso estar mais de acordo consigo.
Quanto aos seus cálculos, já lhe refri que a minha proposta não belisca num cêntimo os salários de quem quer que seja.
É inteiramente neutro.
Já várias empresas, principalmente as de pequena dimensão, onde mais pesa o total de pagamentos de tesouraria por conta do subsídio de férias e do subsídio de natal, procuraram aderir ao método que defende Rui, assim, procuram pagar parcialmente em 12 meses o tal 13º mês que muitas dores de cabeça causava à Tesouraria destas. Não percebo o porquê de todas as empresas não o fazerem, mas pior, não compreendo realmente porque ainda não se incumbiu o Estado de fazer disso uma regra. É notória que a dificuldade e o atraso nos pagamentos são incrementados por este modo de acção, e isso leva, consequentemente a maiores queixas, por partes das empresas e dos trabalhadores. Totalmente desnecessário. Quanto à maior tributação que propõe, essa já é mais dificilmente aceite, mas igualmente vantajosa e justa.
Julgo que a posição do António passa pelo entendimento de uma maior tributação ou corte no 13º mês seja um roubo aos bolsos dos portugueses por comparação com outros países que executam pagamentos semanais. Não passa, no entanto, a meu ver de um erro de perspectiva. Note-se, este 13º mês de que falou Rui, é tributado mais suavemente que o salário mensal normal, considerando-se, o pagamento semanal que o António propõe, seria então de aplicar a mesma tributação a todas as prestações semanais pagas, chegaríamos então à mesma conclusão que o Rui pretende defender. Do meu ponto de vista, perfeitamente válidas e benéficas para a nossa economia!
Isabel
"Já várias empresas, principalmente as de pequena dimensão, onde mais pesa o total de pagamentos de tesouraria por conta do subsídio de férias e do subsídio de natal"
Obrigado pelo seu testemunho, Titinha.
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