Acerca da declaração franco-alemã da semana passada (aqui )
Não nos iludamos. A União Europeia tem globalmente resistido bem aos choques, melhor do que seria esperável se considerarmos que se trata de uma construção feita de partes não soldadas entre si e que, por essa razão, poderia desconjuntar-se com um abanão valente.
Não se desconjuntou e, espero, não vai desconjuntar-se.
O abanão a que foi, e continua, sujeita não vai cessar, mas vai abrandar. E, no fim, a coesão entre as suas peças soltas, será maior.
O euro está hoje a cotar-se a 1,404 contra o dólar, 1,362 contra o franco suíço, a 0,892 contra a libra. Quer isto dizer que os agentes económicos e financeiros a nível mundial reforçaram a sua confiança no euro. E o euro é o cimento da UE por muito que isso aflija muitas consciências líricas.
De entre os seus membros, alguns estão em maus lençóis, e Portugal é um deles.
Entrámos para um clube que, como todos os clubes tem regras. O respeito pelas regras é condição sine qua non para a sobrevivência de qualquer clube.
Podemos pedir ajuda aos outros membros quando as circunstâncias nos obrigam a tanto e é esperável que essa ajuda aconteça. Mas também é esperável que ela seja acompanhada de condições.
Que condições são essas?
Que contenhamos os gastos do Estado.
Você não concorda? Eu aplaudo.
Os impostos que o Estado nos cobra é o preço dos serviços que nos presta. Ora esse preço ou é apresentado à medida que os custos sobem sob a forma de aumentos de impostos ou mais tarde porque os aumentos dos custos foram disfarçados com os empréstimos contraídos.
Quer isto dizer que, se as dívidas são contraídas pelos governos em nome do Estado para pagamento de despesas correntes, o governo engana-nos até ao momento em que o crédito se esgota. Mas se o governo assume dívidas para investimentos sem retorno, o resultado é o mesmo.
De modo que, caro JCS , a menos que o meu amigo descubra uma fórmula que deite abaixo esta teoria caturra (e ganha o Nobel certamente) os devedores estarão sempre condenados a cumprir as regras e as sanções dos credores.
A demagogia só funciona enquanto não se esgota o crédito. Valha-nos isso.
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