Thursday, October 28, 2010

BLUFF

Depois de ter dado indicações a Teixeira dos Santos para acabar a conversa com Eduardo Catroga, Sócrates, à chegada a Bruxelas para participar na reunião do Conselho Europeu, afirmou que o “o Governo não deixará de fazer aquilo que lhe compete, um último esforço” para conseguir a aprovação do Orçamento do Estado para 2011. 

Passará, portanto, o OE 2011.
Aliás, terminada as conversações de Lisboa, sem acordo entre PS e PSD, o concorrente já tinha dado indícios que, com acordo ou sem acordo, abster-se-ia. Não tem  alternativa inteligente: o chumbo do orçamento daria ao chefe do governo os trunfos que ele precisava nesta jogada. Porque, já toda a gente percebeu, com esta ou outra versão parecida do OE 2011 ( e qualquer versão, nas actuais circunstâncias tem de ser parecida com as outras) o grande desafio é conseguir atingir o objectivo que o governo, segundo Teixeira dos Santos, diz não abdicar: um défice de 4,6%  do PIB, nem mais um chavo.

Segundo os especialistas, o défice de 2010 ultrapassará os 7,3%, ultrapassará mesmo os 8%, mesmo com a contribuição extraordinária do fundo de pensões da PT,  porque a despesa derrapou perante a impotência do ministro das finanças em evitar a derrapagem. Alguma coisa mudou, ou vai mudar, na organização do Estado que garanta  o controlo da despesa ao nível orçamentado quando a contracção do défice vai de 8 vírgula qualquer coisa para 4,6%?

Do lado da receita, por outro lado, a contracção da economia muito provavelmente superior ao previsto no orçamento induzirá uma contracção dos impostos. 

A determinação tão vincada no discurso de Teixeira dos Santos após as negociações com Catroga de não ceder no objectivo fundamental de fazer recuar o défice em 2011 para 4,6% não ignora, certamente, as reacções com que o governo minoritário se irá confrontar politicamente isolado.

O orçamento passará. Difícil mesmo, para não dizer impossível, é cumpri-lo, sobretudo nas actuais circunstâncias políticas e na dimensão que o governo se propõe.

Teixeira dos Santos, se o deixassem, o que mais gostaria era voltar ao Porto.

10 comments:

António said...

Engana-se.
Este governo, com ou sem Orçamento aprovado, continua em funções.O Teixeira não vai fugir porque já vê a tal luz ao fundo do tunel.
Durante a próxima visita do lider chinoca a Portugal, vai-se fazer o arranjinho necessário à salvação desta trupe toda e daquilo a que chamam pátria.
Vão dar à China a oportunidade de nos salvar, comprando-nos a dívida, que como sabe é migalha para eles, dando nós aos chinocas uma coisa semelhante ao que eles nos deram a nós há cinco séculos atrás.
Pagaram-nos um favor dando-nos Macau.
"Nós" ou a trupe que nos governa paga-lhes o favor dando-lhes Sines.
Sabe o que é Sines?
Sabe o que vai ser Sines?

A Chata said...

E pensar que, já há anos, fui acusada por amigos de estar 'obcecada' com a China.

E, lá vamos cantando e rindo, recebendo uns trocos da China para continuarmos a comprar-lhes praticamente tudo.
Sim, porque neste momento, não há praticamente nada que não seja Made in China.

E, os diplomatas chineses até estão a desenvolver sentido de humor.

Ao ser confrontado com as criticas de um representante americano sobre o apoio que a China está a dar ao Paquistão, a resposta foi:
'O Paquistão é o nosso Israel'

A Chata said...

No caso de ter razão em relação a Sines, espero que, pelo menos, os postos de trabalho a criar não sejam para 'autocarros' de mão-de-obra chinesa como acontece em Angola, Vietnam, etc...

António said...

espero que, pelo menos, os postos de trabalho a criar não sejam para 'autocarros' de mão-de-obra chinesa como acontece em Angola, Vietnam, etc...
Então desiluda-se, porque vai ser assim mesmo. Porque iriam mudar aqui?

rui fonseca said...

"O Teixeira não vai fugir porque já vê a tal luz ao fundo do tunel."

Só se ele vê mal.

Quanto a Sines,se os chineses comprarem e fizerem dele uma plataforma de entrada ne Europa, qual é o problema?

Se fossem espanhóis, por exemplo, agradar-lhe-ia mais?

rui fonseca said...

"como acontece em Angola, Vietnam, etc..."

Já, pelo menos uma vez, escrevi um apontamento acerca deste assunto neste caderno.

Os métodos de gestão chineses não se coadunam com um ambiente democrático. Esse é o problema maior deles. O crescimento económico induzirá nos chineses hábitos e reinvidações de liberdade que por enquanto não estão generalizados.

De modo que os investimentos não financeiros que vierem a fazer na Europa e na América depararão com esse obstáculo: liberdade de expressão, sindicatos, greves, etc.

Angola e Vietname não são, portanto, casos comparáveis. Porque se assemelham mais à China que à Europa.

António said...

Sindicatos para quem?
Os chinocas que lá trabalharem, sempre maioritários e em postos-chave não terão essa liberdade. Se começarem com tretas dessas, apanham. E as famílias também. Veja o nobel da paz...
Espanhóis e chineses não é a mesma coisa.
O que está em causa é o crime de lesa-pátria que se avizinha.
E na realidade, você tem de falar com alguém que trabalhe em plataformas, empresas com multi-nacionalidades, capitães de navios, etc. Tem respirar outros ares. Depois compreende melhor.

rui fonseca said...

"você tem de falar com alguém que trabalhe em plataformas, empresas com multi-nacionalidades, capitães de navios, etc."

Agradeço-lhe a sugestão mas não ignoro de todo o que se passa nos meios que refere. Não lhe retiro alguma razão no que diz.

Mas, caro António, há uma diferença abissal entre uma plataforma, um navio, e um país.

E, depois como referi, os chineses não vão estar dispostos para sempre a trabalhar e não refilar.
Não há mal que não acabe.

António said...

"E, depois como referi, os chineses não vão estar dispostos para sempre a trabalhar e não refilar.
Não há mal que não acabe."

Tá bem.
Quanto tempo vai demorar?

rui fonseca said...

"Quanto tempo vai demorar?"

Menos do que geralmente supomos.