Friday, February 05, 2010

O GRANDE ECONOMISTA

"(...) começou algo. Para mim, o princípio da solução que, como prefiro, será feita pelos mercados… É que não há mesmo outra via, em regime de economia aberta. De notar que tudo está a acontecer sem os tais investimentos, em resultado da resposta (deste e demais governos europeus) à crise. Vamos ver os episódios que se seguem; como responde a Comissão, se o FMI vem aí como recomenda o FT de hoje, se vai haver subida de impostos. Ou se saímos do euro, coisa que está seguramente já em cima da mesa de algumas pessoas importantes." - Pedro Lains
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(A resposta) fica para a conversa aprazada.
É pena. Porque se o tempo tudo resolve, o mercado também, mas à sua maneira.
J.E.Sitiglitz, no seu livro mais recente, Freefall, insiste vementemente na tese contrária: O mercado não é, só por si, solução. Foi a aplicação da convicção contrária que esteve na gestação da crise.
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Um economista, razoavelmente conhecido, costumava empilhar os processos que lhe eram submetidos a despacho em cima da secretária, de tal modo que, quem lhe entrasse no gabinete não sabia se ele estava ausente ou presente por detrás da papelada acumulada.
Segundo ele, o tempo tudo resolve. De modo que os processos transitavam de "pendentes de análise" para "a aguardar despacho" para "à espera que o tempo resolva". E nunca, assegurava ele, um problema tinha ficado por resolver.
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Assim, a preferência de PLains: Para quê soluções intrincadas e politicamente indigestas se o mercado, isto é, o tempo, tudo resolve?
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E resolve, não há dúvida, à sua maneira.
Não há mal que sempre dure, lá diz o povo. Ficamos é sem perceber porque é que existem economistas.

2 comments:

aix said...

De facto, em teoria, a tese de PLains resolve tudo, pois "tudo cura o tempo"(Camões). Não é por acaso que os dois grandes temas da filosofia (como da física),todavia
não resolvidos, são o espaço e o tempo.O teu amigo também podia acrescentar à sua tese, que o espaço também resolve tudo. Em termos de fé não me custa, pois, a crer no dístico de scretária de um meu director: AQTR (Assuntos Que o Tempo Resolverá).Em termos de economia foi a um ilustre que ouvi dizer que a longo prazo todos já cá não andaremos. Portanto...os [alguns]economistas irão tendo matéria com que se entreterem. E
já que isto dá mais para gozar do que para levar a sério lembro-me que ao monitorar um curso na RDP um participante me disse que, na escola de dicção que tivera com a grande Maria Leonor, esta o incentivara a dizer muitas vezes e rapidamente:
O tempo pergunta ao tempo
Quanto tempo o tempo tem.
E o tempo responde ao tempo:
O tempo tem tanto tempo
Quanto o tempo tem.
Pode ser que a lenga-lenga ajude o teu amigo Lains a passar algum tempo.
Abraço

rui fonseca said...

Caro Francisco,

A posição de P Lains parece-me tão absurda (daí lamentar a não resposta de V Bento)que até admito não estar a entender correctamente o que ele escreveu.