Thursday, February 18, 2010

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Caro Rui Fonseca
Vejo que o seu espanto é genuíno. Ensinei História do Pensamento Económico durante muitos anos num departamento de economia pluralista que deixou de existir enquanto departamento pluralista. Enquanto professor procurava exactamente dar uma visão da pluralidade teórica na economia. Recusando a transformação do dito departamento imposta a golpe, e para não ter de me envergonhar de ser professor nessas condições, saí. Acontece.
Processos semelhantes ocorreram noutras faculdades. Agora há em todo o lado um molde, o chamado “core” (micro-macro-econometria). Como poderá constatar com uma consulta aos planos de estudos dos cursos de economia pós-Bolonha, em Portugal a História da Economia, a Metodologia e Epistemologia a História Económica e as outras Ciências Sociais foram praticamente banidas, remetidas para as pos-graduações ou nos melhores casos tornadas optativas. Tudo o que cheire a cultura desperta a fúria dos talibans.
O meu amigo conhece os “talibans” que pesam saber “como deve pensar um economista” e querem obrigar os estudantes a “pensar como economistas”? A Economia que se ensina é maximização da função de utilidade sujeita a restrições com variações em ré menor. As vozes dissonantes relativamente à perspectiva “neoclássica” dominante existem mas situam-se actualmente próximo da quota dos 5% de que falava o Samuelson.
É claro que para os 95% tudo corre bem no melhor dos mundos. Vale a pena informar-se relativamente ao que se passa e julgar por si próprio. A situação é bem diferente (e pior) do que a conhecemos quando fizemos os nossos cursos. A própria liberdade e autonomia dos docentes nas suas aulas está em risco. O estado do ensino da economia em Portugal é um problema público que (ainda) não foi reconhecido como tal.

2 comments:

António said...

Ao tempo que lhe ando a dizer que os economistas não percebem nada disto.
E mais, cada vez vai ser pior.

rui fonseca said...

"E mais, cada vez vai ser pior."

Não há mal que não acabe.

Quanto ao caso em concreto, parece que, afinal, se trata apenas de uma calendarização de curriculo com incidências em interesses individuais.