Ouvi pela rádio que o presidente do BPP, nomeado pelo Banco de Portugal, quer deixar o cargo por se sentir cansado com tantas propostas feitas (quatro ao que parece) e todas rejeitadas, e o Ministro das Finanças e da Economia dizer que, se alguém tem razões para se sentir cansado é ele, e não se queixa. E que é o Banco de Portugal que tem de decidir quanto à questão por ter sido o BP quem nomeou a administração. Leio, agora, que Vítor Constâncio recusa pedido de substituição da administração do BPP. E que
"a administração de Adão da Fonseca do Banco Privado Português (BPP) prevê "um cenário de verdadeira guerra civil" em caso de insolvência e custos muito significativos para o Estado. E mais,
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"A insolvência envolverá responsabilidades para o Estado muito significativas, sendo um monstro insaciável horribile dictu que a todos envolverá - num cenário de verdadeira guerra civil entre todos e com todos", diz a administração do banco que pediu para ser substituída, num comunicado interno a que a agência Lusa teve acesso. Nesses "todos" envolvidas em guerra, inclui "Ministério das Finanças e Governo, Assembleia da República, Tribunais portugueses e estrangeiros, Ministério Público" e outros, além de "clientes, fornecedores, colaboradores, administradores antigos e novos, Banco de Portugal, CMVM e Sistema Financeiro". A equipa liderada por Adão da Fonseca diz que foi prevendo esse cenário e, face a "falta de alternativas", colocou à consideração das autoridades a proposta da sociedade Orey Financial. "Esta proposta, embora não fosse da responsabilidade do Conselho de Administração do Banco, foi por este considerada ser susceptível de implementação, sem prejuízo de eventuais melhorias que pudessem ser aprovadas em sede de negociação entre as autoridades, os bancos financiadores e os novos accionistas", refere-se na comunicação interna feita hoje aos funcionários do banco onde se explicam as razões do pedido de substituição. Esta proposta foi apresentada no passado dia 10 de Julho e é a quarta apresentada desde final de Dezembro de 2008, e todas as indicações provenientes do Ministério das Finanças vão no sentido de ser rejeitada.
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Mais uma vez, é colocada em causa o governo do Banco de Portugal para gerir situações que ponham à prova a sua capacidade de decisão. Adão da Fonseca, pelo que disse, imputou publicamente responsabilidades ao Estado (quer dizer, a todos nós) que não podem decorrer unicamente do facto da insolvência de uma empresa privada. Pois apesar da gravidade das declarações, Vitor Constâncio recusa aceitar a demissão do declarante.
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Por renovação de confiança nele?
A crise é grave mas mais grave é a gravidade da actuação de quem tinha obrigação de saber lidar com ela, e não sabe. Adão da Fonseca, que não conheço de lado nenhum, não devia ter pedido a demissão porque já devia ter sido despedido.
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