Soube, via Lobi, que o Millennium reservou para amigos e conhecidos a Récita de Gala no São Carlos do "Rigoletto":
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Cessar-fogo
Abrindo a temporada lírica do Teatro Nacional de São Carlos, “Rigoletto” vai estar em cena entre os dias 10 e 21 de Dezembro, sendo que o dia 12 está reservado para a Récita de Gala do mecenas Millennium BCP. Ou seja, no dia 12, o “circo” vai à ópera.
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Cessar-fogo
Abrindo a temporada lírica do Teatro Nacional de São Carlos, “Rigoletto” vai estar em cena entre os dias 10 e 21 de Dezembro, sendo que o dia 12 está reservado para a Récita de Gala do mecenas Millennium BCP. Ou seja, no dia 12, o “circo” vai à ópera.
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Entretanto, recebi dos meus Amigos M.João e L.Machado, um e-mail dando-me conta que o espectáculo é "muito bom (e que) há que aproveitar enquanto perduram as contradições que o R. aponta para a exploração desta magnífica casa de espectáculos e de outras. (...) a propósito: Será possível num país com a dimensão do nosso outra alternativa que não seja o Estado a suportar uma parte substancial do custo? Ou será melhor fechar?
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Caros Amigos,
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A vossa questão é tão recorrente que foi tema de um dos episódios da inesquecível séria "Yes, Minister" e "Yes, Prime Minister", não sei se os meus Caros Amigos se recordam.
Com uma diferença: No caso da série britânica, o que era posto em causa não era um Me(r) cenas Único mas a razoabilidade de o povão sustentar um espectáculo que só uma reduzida elite desfruta. E, numa perspectiva de esquerda genuína, isto é não caviar, a questão é muito pertinente. Acho eu, quando vejo, com preocupação, os meus Amigos a ultrapassarem-me pela direita.
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Mas não é esse ponto que mais contesto. Se São Carlos fosse obrigado a governar-se da bilheteira não poderia abrir as portas. E, por esse lado, concedo, não convencido.
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No que não concedo é no monopólio concedido ao Millennium e nas condições que ao Millennium são concedidas. Nada justifica esse monopólio, nada justifica as contrapartidas que usufrui. Trata-se de um contrato leonino que só os mansos costumes portugueses consentem.
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Mecenas é aquela pessoa (e não aquela empresa, porque com o dinheiro dos outros é fácil pingir de mecenas) que destina uma parte da sua fortuna ao fomento das artes ou das ciências, sem reciprocidades de qualquer espécie, fiscais inclusivé, mas apenas a gratidão dos seus concidadãos ou benificiários.
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Me(R) cenas é aquele que obtém favores comerciais, fiscais, ou de outra natureza qualquer, de uma entidade cultural ou científica, pagando para o efeito uma quantia que pode estar aquem das contrapartidas.
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É, do meu ponto de vista, o último caso, o caso do Millennium em São Carlos.
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