Sunday, December 16, 2007

NOITES DE PALERMO







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O artigo de Pacheco Pereira publicado hoje no Abrupto e no " Público", intitulado O Meio disseca com apreciável detalhe as linhas de força que têm dado às noites do Porto um ambiente "à Palermo". Merece uma leitura atenta. Dada a sua extensão transcrevo uma pequena parte do texto de Pacheco Pereira:
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..."Os incidentes naquilo que eufemisticamente se tem chamado a "noite do Porto" não estão longe deste "meio". Muitas personagens são comuns, muitos sítios são comuns, há fotos e circunstâncias comuns, amizades, companhias, más companhias, jantares, carros e seguranças. O relatório confidencial da PSP sobre a escalada de ajustes de contas entre grupos violentos que o Correio da Manhã publicou esta semana é um retrato preocupante não só sobre o que se está a passar, com o seu rasto de assassinatos, mas também da inacção das autoridades que, sabendo, nada fizeram, mesmo quando as vítimas as informaram das ameaças de morte, entretanto executadas sem dificuldade. As testemunhas calam-se com medo. É à luz destes factos que se devem entender as palavras de Mourinho quando veio ao Porto com seguranças e, perguntado sobre porque é que o fazia, respondeu: "Quando vou a Palermo tenho de tomar cuidado." O special one sabia do que estava a falar..."
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No Quarta República, Ferreira de Almeida aborda também o tema da Justiça em Portugal sob o sugestivo título 2007 - o triste retrato da Justiça:


. Violentíssimas críticas feitas em público pelo Inspector-Geral da Administração Interna

. Espantosas entrevistas do Senhor Procurador da República e as suas não menos extraordinárias suspeitas sobre as escutas ilegais ou de existência de vários poderes fácticos no seio da Procuradoria

. Irreprimível sede de protagonismo de juízes e procuradores e a tão descarada quanto implacável contestação das opções da política criminal e às alterações às leis penais, numa tentativa permanente de menorizar o Parlamento

. O flop do pacto para a Justiça

. Confusão de papéis dos senhores ministros da Justiça e da Administração Interna e discurso oco do primeiro e habitualmente circular do segundo

Magistrados que se consideram funcionários para efeitos de legitimação do direito de greve e titulares de órgãos de soberania em matéria do seu estatuto funcional

. O populismo e a falta de vergonha que assaltaram a Ordem dos Advogados e a guerra entre bastonários que atingiu o grau zero da decência

. A confirmada tendência do senhor Procurador-Geral para nomear magistrados com poderes especiais para coordenar as investigações em curso sempre que a opinião publicada dramatiza sobre uma questão de segurança

. Aceitação pelas instituições dos verdadeiros julgamentos populares e execuções sumárias do carácter e da honradez feitas diariamente nos media, sem direito a defesa e a apelo.

.Continuada desjudicialização da Justiça sem resultados na diminuição das pendências.Eis um breve retrato do estado da justiça e da segurança em 2007. Em 2008, o espectáculo continuará.

Até quando?

Até ao dia em que um Ministro da Justiça calce as botas cardadas e ponha nos eixos os agentes da Justiça.





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