Friday, December 21, 2007

O B(R)ANCO DE PORTUGAL

Leio no Jornal de Negócios online de hoje que
"O governador do Banco de Portugal deverá recomendar aos accionistas do BCP que encontrem uma lista alternativa à administração do BCP a eleger na assembleia geral de 15 de Janeiro.
(...) Vítor Constâncio não pretenderá forçar a equipa de gestão do BCP a renunciar aos seus cargos. Mas deverá deixar claro que nenhum dos actuais administradores do banco poderá candidatar-se a um novo mandato. (...) e que
"A CMVM e o Banco de Portugal deverão emitir uma decisão preliminar que identifica indícios de ilegalidades. Não estão excluídas possíveis consequências de natureza criminal.
(...).O BdP e a CMVM querem que Filipe Pinhal, actual presidente executivo, e Cristopher de Beck abandonem pelo seu pé o grupo, abdicando de integrar a lista que formaram para concorrer às eleições para a nova gestão.
(...) Constâncio dá um sinal de que o BdP está, desta vez, disponível para levar as suas pesquisas até ao fim, o que não aconteceu em 2004, quando decidiu arquivar este mesmo dossier, aceitando as explicações do BCP.
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Para um observador menos atento (ou não convenientemente posicionado) as notícias que, de alguns meses a esta parte, dão conta dos solavancos observados na carruagem do BCP, não poderiam denunciar outra coisa senão que os ocupantes andavam aos tropeções lá dentro.
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Ao Banco de Portugal, desde que foram transferidas para o Banco Central Europeu as atribuições de banco emissor e de regulador monetário, restaram-lhe, das três principais funções enquanto banco central, responsabilidades de supervisão da actividade bancária.
Era esperável, portanto, que estivesse atento às notícias que davam conta de perturbações no maior banco privado português e interviesse em conformidade com as responsabilidades que tem como supervisor. Não interveio mesmo quando os solavancos ameaçaram derrubar a carruagem.
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Sabe-se, agora, que pretende substituir-se aos accionistas dando indicações, pela negativa, sobre a constituição do conselho de administração do BCP. Pretensão que para qualquer accionista geralmente mal informado não pode ser mais espúria: Pois se, o senhor governador do banco supervisor supervisionou e finalmente concluiu que há matéria para incriminar a actual gestão, deve proceder em conformidade e actuar nos termos da lei, sem se esquecer de informar todos os accionistas das razões subjacentes.
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Não se esquecendo, já agora, de responsabilizar-se a si também e à sua equipa de supervisão, pouco atenta, muito obrigada. E a todos os órgãos, internos e externos, de fiscalização do banco abalroado. Talvez devesse começar, aliás, por responsabilizar os auditores que, também eles, se apresentam cegos, surdos e mudos ao tribunal popular.

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