Monday, December 10, 2007

ME(R)CENATO - 2

Volto ainda ao tema do me(r) cenato exclusivo em São Carlos.
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Depois de amanhã juntar-se-ão em traje de gala os convidados do Millennium para ouvir o Rigoletto nos intervalos dos intervalos de comunhões e excomunhões sociais.
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Nenhum deles, seguramente, é apologista da vegetação à sombra do Estado. Nenhum teria dificuldades para comprar bilhete a preço da bilheteira (afinal, apenas 16% dos custos totais) se a sua apetência pela ópera o justificasse. Mas todos vão desfrutar do subsídio anual (não menos que 68% dos custos de funcionamento e de produção dos espectáculos do São Carlos) que nos esportula o Estado para assegurar estas borlas.
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E nenhum deles se confronta com a afronta que fazem à esmagadora maioria dos contribuintes portugueses que não sabem sequer onde fica São Carlos.

2 comments:

António said...

Boa tarde.
Quer-se dizer que o amigo está na pele de um excluido.
Acontece cada uma...E você a pensar que ter dinheiro para assistir, pagando, a eventos eletistas destes, eram favas contadas.
Pois não meu caro, todos os que você tem visto à porta de cinemas, de teatros e de restaurantes olhando para si de baixo para cima, hoje têm mais um como eles. Com dinheiro no bolso e no banco para o bilhete e muito mais, é certo, mas um excluído como eles.
Tenha paciência, que isto não toca sempre aos mesmos.
E os de Bragança, de Castelo Branco ou Faro, mesmo com dinheiro para o bilhete, também não vão.
Lisboa é muito longe.
É boa época para pensar nestas coisas da vida.

Rui Fonseca said...

Caro António,

O seu comentário poderia ser muito certeiro mas errou a pontaria.

Nunca fui incluido mas também nunca fiz nada por isso porque me incomoda.

Incomoda-me que os espaços públicos de cultura, e não só São Carlos, pagos pelo Orçamento Geral do Estado sejam, frequentemente, frequentados por borlistas endinheirados. Os mesmos que muitas vezes criticam (e bem) o despesismo do Estado (uns) e a falta de verbas para a cultura (outros, às vezes os mesmos).