Monday, May 29, 2006

O PECADO DO ESTADO


O maior pecado do Estado decorre da sua inimputabilidade.

No dia em que for possível aos contribuintes exigirem ao Estado indemnizações por danos sofridos em consequência de acções ou omissões danosas para os mesmos contribuintes, com direito do Estado a ser ressarcido por aqueles que motivaram ou consentiram o dano, teremos uma sociedade encarrilada. Enquanto tal não acontecer, e não vai, seguramente, acontecer tão depressa, estamos condenados a viver sem rei nem roque, e à mercê dos senhores autarcas e ofícios correlativos.

Hoje, entreguei na Câmara Municipal de Sintra a seguinte reclamação:

“No dia 13 de Novembro de 2005, entreguei pedido de reapreciação do processo respeitante ao alvará de licença de construção nº….e de intimação do dono da obra no sentido da correcção na parte que não se encontra em conformidade com o regulamento ….

Sem resposta, renovei o meu pedido em 14.02.2006.

Sem resposta, voltei à Câmara, hoje, 29.05.2006, mais de seis meses após a primeira
exposição, e não me souberam responder sobre o que se passa com o processo.”

Qualquer empresa, que dependesse das leis do mercado, e tivesse um comportamento idêntico ao da Câmara Municipal de Sintra relativamente aos seus clientes, já teria fechado e os empregados teriam perdido o emprego.

Mas os autarcas não dependem do mercado. Em grande parte dependem da demagogia, de interesses promíscuos com a construção civil e o futebol, e até da popularidade conquistada pelos comentários futebolísticos na televisão.

Wednesday, May 24, 2006

A PRAXE

Vergonha universitária
Um terço dos alunos da Universidade de Coimbra concorda com praxe violenta28% dos alunos discordam da ideia de que praxe deve ser facultativa e respeitar quem não quiser aderirMais de 80% dizem-se favoráveis à discriminação sexual, recusando qualquer revisão do código da praxe que iguale os direitos de homens e mulheres.

in blasfémias, de hoje.

A praxe existe porque é gratuita. Se fosse paga, a oferta baixava e a procura também.

Existe, em Portugal, um tabu que comanda a economia do ensino universitário em Portugal: tem de ser tendencialmente gratuito.Este tabu gera diversas perversidades:

tira-se um curso porque, sim senhor, passa a sim doutor;

tira-se história porque havia vaga;

física porque as notas a matemática e a física eram muito baixas, não davam para entrar em engenharia;

tira-se relações internacionais porque não havia mais, etc. etc.etc.

Tira-se um curso superior porque é barato e ...dava milhões.Agora já não dá tanto mas sempre entretem um bocado.

Se o curso superior fosse pago pelo preço que custa, ninguém tiraria um curso se não soubesse o que iria fazer com ele. Porque para saber o que é que pode se fazer com ele, tem de se estudar para saber e não, apenas, para passar e passear.

Uma parte dos que frequentam o ensino superior não tem restrições económicas mas o Estado paga-lhe para eles frequentarem a universidade e divertirem-se.Com tantos constrangimentos orçamentais, todos os esforços financeiros do estado se deviam dirigir para o ensino secundário, com o objectivo de que ninguém deixasse de o completar. Para o ensino universitário deveriam estatuir-se bolsas, para quem as solicitasse e provasse o merecimento, que permitissem uma vida académica decente, e fossem reembolsadas durante a vida profissional.

Se assim fosse, não haveria tempo para estúrdias, por que era o dinheirinho deles que estaria em causa e não o nosso.

Quanto à praxe Coimbrã, que se alastrou às outras universidades, ela radica numa prática antiga que aplaudia o pilha-galinhas e ridicularizava o "urso". Já nesse tempo, a Universidade, sendo frequentada por gente que tinha posses suficientes, na maior parte dos casos ia até Coimbra para se divertir, roubar galinhas, embebedar-se, e dormir com as tricanas que iam na conversa.

Por essas e por outras, a Universidade de Coimbra é bem o símbolo bafiento do que mais de retrógrado vegetou no ensino superior em Portugal.

Tuesday, May 23, 2006

FILOSOFIA ANTIGA

Caro Professor,

Assisti ao P&C de ontem, e penso que percebi bem a sua intenção de deslocar o eixo da discussão para uma questão difícil: a prova da corrupção.

Trata-se de um beco onde se perdem, ou dizem-se perdidos, quase todos os que perseguem a hidra. A propensão para a corrupção decorre de um estado de falência moral que contamina a maioria dos membros de uma sociedade retrógrada.

Há dias li, numa conhecida revista brasileira, que 70% dos brasileiros admitem que aceitariam ser subornados se a oportunidade ocorresse. Resultado: o Brasil tem, naturalmente, um dos mais elevados níveis de corrupção do mundo.

E, em Portugal? Creio que não sabemos. Mas o número daqueles que implicitamente aceitam a corrupção é certamente elevado, também entre nós. Mas essa aceitação implícita não é se não a espuma do caldo que a Justiça, por falta dela, fermenta em Portugal.

Enquanto a Justiça, também nesta matéria, demora e prescreve, o polvo multiplica as ventosas. O nó górdio enlaça-se na Justiçazinha que temos, e não sei se vai haver Alexandre que mude as coisas a tempo.

Um aspecto, contudo, menos abordado no referido programa, mas que informa toda uma filosofia elementar de princípios morais, e que deveria ter sido, do meu ponto de vista, objecto de espanto, foi quase normalizado. Refiro-me ao famigerado caso do aperto de mão: Entre ER e RC eriçaram-se os ânimos porque a porta se abriu e só depois a câmara entrou, ou a câmara já lá estava antes da porta se abrir. Uma pessegada.

O Catedrático Carrilho será uma Sumidade em Filosofia mas esqueceu um princípio de moral básica: o de que deve o homem, se quer cuidar das suas vértebras, manter a verticalidade em público como se estivesse em privado, e mantê-la em privado como se estivesse em público.

Ou mudou o paradigma, e eu não fui avisado? É admissível a falta se o árbitro está de costas?

Monday, May 22, 2006

INIMPUTÁVEIS - 2ª. PARTE

(Enviado para Quadratura do Círculo)


E, de repente, o PGR voltou a falar.

Sacudido pelo abanão dado por JPP, o ilustre PGR acordou, estremunhado, e disse o que tem todo o aspecto de ser a sequência de um sonho: o chato do inquérito urgente ao “envelope 9” está em vias de ser terminado desde há três meses. Não foi ainda terminado porque há uns incidentes pendentes, mas hélas! (nesta altura o JPP dá-lhe o abanão) e ele conclui, acabado de acordar: os magistrados são ilibados, os jornalistas e PT são considerados responsáveis.

Nem mais. Tudo o que for provado a partir de aqui, ou comprova ou não serve de prova.

Quem não é especialista em ciências jurídicas, precisa de explicações à prova de estupidez galopante.

Outra questão insondável: O Ministério da Administração Interna solicitou aos Serviços informações para uma base de dados do pessoal em serviço na administração pública e ofícios correlativos. Cerca de 100 órgãos envolvidos não responderam nem disseram porque não. O Secretário de Estado vai penalizá-los com cativações de 10% sobre os valores gastos em consumíveis em determinadas condições.

Aos responsáveis pelos órgãos faltosos não acontece nada.

Assim nada acontecerá nunca na administração pública em Portugal.

Mais uma: O Público de 18 deste mês dá conta da jurisprudência expendida por três juízes desembargadores da Relação do Porto à volta do roubo de quatro queijos de vaca de um supermercado, concluindo que a ladra exagerou na quantidade se o objectivo dela era matar a fome, de modo que repita-se o julgamento e aplique-se à exagerada uma pena até três anos de cadeia.

Mais outra: O magistrado que tutelava o “processo Judas” (anterior Presidente da Câmara de Cascais) mandou arquivar o processo contra pareceres da PJ, IGAT e Finanças, e criticou PJ por ter investigado JC, “ilustre deputado”.

Conclusão: Valem bem mais quatro queijos de vaca que os terrenos que deviam servir para a construção social, no âmbito do Plano Especial de Realojamento (PER), e que acabaram por ser sujeitos a venda livre, resultando num lucro indevido para o empresário (A. Santo, o tal da famigerada lista de presentes) e num prejuízo efectivo para a autarquia. Vd. PÚBLICO de 17/5.

Ainda outra:

Há já algum tempo alvoroçou-se a capoeira financeira porque alguns moradores tinham sido apanhados em negócios triangulares de escapadela ao fisco, pelo menos.

Depois seguiu-se o silêncio. Não quererá JPP dar um abanão dos seus no assunto?

Só mais outra:

O BES zangou-se com o Expresso & Cª. e cortou-lhe a mesada. Agora, segundo consta, reataram sob o signo da bandeira nacional para o Guiness.
Vale bem outro encontrão, não?

Escuto!

OS INIMPUTÁVEIS

O Diário Económico, de 18 deste mês, noticiava sob o título “Quase 100 serviços penalizados. Cerca de uma centena de serviços da Administração Pública não enviaram dados sobre os trabalhadores. Sanções já foram accionadas.

“…As penalizações a que os faltosos estão sujeitos constam da lei do Orçamento do Estado para 2006. Para os institutos públicos, em qualquer das suas modalidades, está prevista uma cativação adicional de 10% das verbas destinadas a aquisição de bens e serviços e abonos variáveis e eventuais, disponíveis e não comprometidas no último dia do referido prazo.”… “No caso dos serviços e organismos da administração directa do Estado, está prevista uma redução de 10% do valor de cada pedido de libertação do crédito dirigido, após o último dia do referido prazo, à respectiva delegação da Direcção-Geral do Orçamento”.

Comentários para quê? É a administração pública portuguesa!

Se, em uma qualquer empresa privada, os serviços não fornecessem, dentro dos prazos indicados, nem apresentassem justificação aceitável para a não apresentação, de dados solicitados pela Gerência, ou pela Administração, o mínimo que ocorreria seria a demissão do responsável pelo Serviço. E, em caso de reincidência, que prejudicasse gravemente os interesses da Empresa, seria demitido com justa causa.

Em Portugal, que se quer no tempo de um plano tecnológico (que começou por pretender ser um choque), não acontece nada aqueles a quem estão cometidas responsabilidades de gestão dos recursos afectos. Resultado: o Estado continua sem saber a quantos funcionários paga e o que fazem esses funcionários…

Simplesmente, ridículo.

No PÚBLICO, do mesmo dia 18, o caso do dia na Última Página, titulava-se “ Roubar quatro queijos de vaca é “desadequado” para matar a fome”
Juízes desembargadores entendem que deve ir a julgamento a mulher “já perdoada” pelo supermercado.

Trata-se de uma história bem caracterizadora da falta de senso comum, entre outras faltas, algumas bem mais graves, que afectam o nosso sistema judicial. Num País, onde os processos de elevada gravidade prescrevem por alegada falta de meios para os julgar em tempo oportuno, um colectivo composto por três juízes desembargadores da Relação do Porto, começou por argumentar que até concorda, em tese geral, com a argumentação do juiz de primeira instância que concluiu que os quatro queijos seriam para satisfazer uma necessidade básica: a fome.
“A questão, agora, é saber se o caso concreto é susceptível de cair na alçada dessa previsão atípica” , disseram, respondendo depois: “Quer-nos parecer que não”…”O juiz de primeira instância tirou uma conclusão errada… colocando o dedo na ferida ao afirmar, citando o Professor Faria da Costa, que a previsão legal pretende abranger casos em que está em causa a satisfação de uma necessidade básica da pessoa, a fome; mas sem demonstrar quais as premissas que lhes possibilitaram a extracção de tal radical conclusão, afigura-se-nos que tal exercício é ilegítimo, já que não se pode presumir.” Concluem, então, que o número de queijos é “desadequado” para matar a fome e revogam o despacho do magistrado de Matosinhos. “Deve ser substituído por outro que receba a acusação e designe dia para o julgamento”, concluem.

Quatro queijos é demasiado para matar a fome e por isso a mulher incorre numa pena de cadeia até três anos.

Entretanto, o PÚBLICO de ontem, 21/5, dava conta, na primeira página que “Processo de Judas arquivado contra pareceres da PJ, IGAT e Finanças.
Magistrado criticou PJ por ter investigado Jorge Coelho”

É sobre Jorge Coelho, ex-ministro socialista e uma figura de proa do PS, que Varela Santos, procurador de Cascais, mais tece comentários… e o procurador proíbe a PJ de o constituir na qualidade de arguido, por, na sua opinião, “não haverem indícios suficientes”, são feitas críticas abertas à investigação e aos “opinadores” que lançaram suspeitas sobre tão “ilustre deputado”.

Conclusão: Quatro queijos valem bem mais que os terrenos que deviam servir para a construção de habitação social, no âmbito do Plano Especial de Realojamento (PER), e acabaram por ser sujeitos a venda livre e portanto resultaram num lucro indevido para o empresário (A. Santo, o tal da lista de prendas com um xadrez para J. Coelho) e num prejuízo efectivo para a Câmara de Cascais.

Cheira demais a porcaria, não cheira?
Até quando tanta inimputabilidade?

Sunday, May 21, 2006

A PRODUTIVIDADE DA PROXIMIDADE


A produtividade, em si, não tem nada de transcendente mas tem o seu quê de capcioso. O problema maior é medi-la. É uma autêntica enguia viva: enquanto se pega da fita métrica, contorce-se duas vezes e foge-nos da mão. A única forma de ultrapassar a dificuldade é ficar pelos palpites ou estabelecer critérios redondos.

A produtividade, já se sabe, tem a ver com a produção mas pode variar inversamente com ela: o pescador que pesca muito e por isso baixa o preço para vender a safra farta tem menor produtividade que o pescador que pescou pouco e consegue preço elevado pela fraca pescaria, se não venderem na mesma lota e a diferença nos preços de venda for maior que a diferença nas quantidades. Aquele que pescou mais pode, no entanto, aumentar a sua produtividade devolvendo, morta, uma parte ao mar. Os produtores de laranjas, por exemplo, aumentam a produtividade deixando fruta nas árvores quando estas são pródigas demais.

Um dos factores mais propícios à inversão da produtividade relativamente à produção é a proximidade. Nada que a filosofia popular não tenha atingido há muito tempo: muito bem se canta na Sé mas é para quem é e para quem lá está ao pé.

E isto porque a produtividade, tal qual como é entendida nos manuais, é um quociente que no denominador é medido em unidades monetárias, única forma de juntar todas as produções e calcular o per capita. A produtividade medida em unidades físicas tem aplicação sectorial, serve os propósitos da micro economia mas não permite formulações macro.

É nesta passagem da avaliação sectorial da produtividade em unidades físicas para a produtividade global, medida em unidades monetárias, que o conceito de produtividade se afasta claramente do seu radical para se aproximar de outra família, a da apropriação: não é mais produtivo quem mais produz mas quem tem mais arte ou oportunidade e arte para se apropriar da produção. Quem parte e reparte…

Se os bancos em Portugal, segundo as contas mais apuradas do governador do Banco Central, tiveram, em 2005, um crescimento nos lucros de “apenas” 8%, e não de 30% conforme antes reclamado pelos próprios bancos, e se o crescimento do PIB no mesmo período se conteve a um nível estimado de 1%, a transferência de quinhão de “PIB” das actividades não financeiras para estas não se deveu certamente tanto a uma perda real de produtividade de umas e de um ganho tão acentuado das outras mas de uma “capacidade” de apropriação dos bancos a que o resto da economia não teve engenho de opor-se.

A ausência ou debilidade de concorrência aumenta as possibilidades de apropriação, e tende diminuir a produtividade real global, aumentando, no entanto, a produtividade nominal sectorial, que é aquela que consta das estatísticas.
A proximidade, é por demais óbvio, também favorece a apropriação.

Se dois irmãos gémeos, física e culturalmente indistintos, nascidos na Totolândia, tiverem seguido caminhos distintos que os levaram a situações de proximidade diversas, se realizarem produções de qualidade idêntica mas de quantidades diferentes, as produtividades das produções realizadas não são função da qualidade (iguais em ambos os casos, por hipótese) nem das quantidades, mas das proximidades.

Concretizando: Assuma-se que um dos gémeos ficou na sua terra, a Totolândia, e optou por ser condutor de táxi na capital. Trabalha 15 horas por dia e ganha 1000 u.m.
O irmão emigrou, é também condutor de táxi, mas num país rico. Trabalha 10 horas por dia e ganha 3000 u.m.
Assumindo ainda que os ganhos estão traduzidos na mesma unidade monetária, equivalente em paridade de poder de compra, é imediato que o segundo atinge uma produtividade 3 vezes superior ao primeiro, realizando uma produção inferior e de qualidade idêntica, se a produtividade for medida em termos per capita. Se a medirmos em horas trabalhadas, a produtividade do primeiro é quase cinco vezes superior à produtividade do primeiro.

A produtividade da proximidade explica, em grande parte, a concentração urbana que faz de cidades como São Paulo e Cidade do México metrópoles em vias de estado de explosão social permanente, ou as acções, eventualmente chocantes, dos norte-americanos para impedir que os mexicanos se transfiram maioritariamente para seu vizinho do Norte, ou os espanhóis, ou os italianos, ou os europeus em geral, tenham cada vez mais dificuldades em impedir que sejam transpostas incontroladamente as suas muralhas. A quantidade e qualidade dos que emigram nem sempre aumenta, e muitas vezes reduz-se: em Portugal trabalham imigrantes qualificados do Leste realizando tarefas que requerem conhecimentos elementares; no estrangeiro trabalham portugueses em tarefas indiferenciadas na construção civil que em Portugal poderiam desempenhar funções mais exigentes.

Tal não significa, evidentemente, que a generalidade dos imigrantes mexicanos a trabalhar nos Estados Unidos não consiga melhores produções (físicas) das que as alcançavam no seu país, em consequência de melhores condições organizativas, métodos de trabalho, comando, entre outras. Conseguem, mesmo sem formação adicional. Mas esses são outros aspectos determinantes da produtividade. As remunerações pagas nos países mais desenvolvidos economicamente decorrem, por um lado, dos níveis de produtividade conseguidos (em termos físicos) e da proximidade de quem pode pagar. Robert B. Reich, que foi Secretário do Trabalho na Administração Clinton, dedica a este assunto uma parte do seu livro “O Trabalho das Nações”, edição portuguesa da Quetzal, 1993.

O capital tende a deslocalizar-se para a proximidade de factores de custo de produção de bens e serviços economicamente mais vantajosos (proximidade de fontes de matérias-primas, no passado, e de baixos salários nos tempos actuais); o factor trabalho tende a deslocalizar-se para a proximidade de utilizadores com poder de compra mais elevado.

É no sector dos serviços, aquele que tem observado maior crescimento nos países desenvolvidos, quer em termos de emprego quer de participação no PNB, que o factor proximidade é mais determinante para a produtividade, calculada segundo os critérios usuais. Na realidade, e contrariamente ao que se passa nos sectores produtores de bens, e sobretudo de bens transaccionáveis, onde a proximidade se alargou (globalizou) com o decréscimo dos custos de transporte (de aproximação), e onde a concorrência não dá margem de manobra para critérios supletivos na avaliação da produtividade, o sector dos serviços goza, geralmente, da protecção de uma razoável capa de distância. Esta distância vai sendo, no entanto, transposta, muitas vezes com risco da própria vida, por aqueles que procuram melhores condições de vida ou, simplesmente, trabalho que lhes permita sobreviver.

A deslocação de altas pressões (demográficas) para as baixas pressões pode vir, no entanto, provocar um vendaval social capaz de abanar seriamente a convivência pacífica nos países de acolhimento se a lógica da produtividade vier a tornar redundantes os milhões de pessoas que foram em demanda do El Dorado.

Porque não há nenhuma razão pela qual, tendo os sectores primário e secundário observado reduções drásticas nos, o sector de serviços não venha a seguir um caminho idêntico.

Dir-se-á: o sector dos serviços é demasiadamente heterogéneo para ser limitado, e comprimido o número dos que nele trabalham. O que é verdade. Mas também é verdade que a capacidade de consumir bens e serviços está limitada a 24 horas diárias. Ninguém tem mais mesmo que tenha todo o dinheiro do mundo ao seu dispor.

Estará o mundo condenado a provocar o crescimento da procura através do desperdício ou da guerra? Mesmo se a fome no mundo que habitamos continuar a ser ainda a doença mais mortal que se conhece?

A PRODUTIVIDADE DA ELECTRICIDADE

Caro Rui

De facto desde há algum tempo que te ouço falar no propósito de escreveres algo sobre produtividade daí o ter tomado a iniciativa de te enviar o artigo do OT de Out 2003 sobre o tema, a que se seguiu um outro do ER publicado no “Avante” em Jul 2004 e que talvez se possa aceitar como a posição do PCP/CGTP sobre o mesmo.
Isto sem querer dizer que assumia como minhas as posições nele expressas mas tão só o facto de, não me tendo ainda debruçado sobre o problema para poder sobre ele formular opiniões, querer fornecer-te material para reflexão.
Não estranhei portanto que esse escrito te tenha servido de base para a prometida análise à volta da produtividade.
Pelo que já conhecia de posições tuas, escritas e outras, relacionadas com este assunto, não posso deixar de te dizer que fiquei um bocado desiludido com o resultado da produção teórica expressa no post “A PRODUTIVIDADE DA ELECTRICIDADE” que ficou muito aquém das minhas expectativas.
Então vejamos:
Ficas-te pela formulação de uma dúvida sobre uma das “considerações prévias” - de os ganhos de produtividade do factor Trabalho puderem ser anuladas por perdas de produtividades do factor Capital (que eu, sinceramente, não consegui perceber) e, quanto às “apostas nos factores de produtividade”, tema de fundo do trabalho, nicles.
Mas fiquemos por este ponto.

Primeiro que tudo clarifiquemos os conceitos.

Tu defines: pk=Pk/k (produtividade do capital medida pelo acréscimo de produção (Pk) que resulta de cada acréscimo de unidade de capital utilizado (k)) e pt=Pt/t (a produtividade do trabalho medida pela produção obtida (Pt) pela população activa que a realizou) concluindo que “entre uma e outra não existem variações necessariamente correlacionadas”.
É visível a tua confusão nestes conceitos já que um, tal como os defines, é um conceito marginal e outro é um conceito médio, o primeiro mede-se pela 1º derivada e o segundo pela média aritmética.
Vejamos com mais detalhe.
A função de produção (Y), na versão Cobb-Douglas, como aprendemos nas aulas de Economia, tem como variáveis o trabalho (L) e o capital (K). Segundo o modelo simplificado de crescimento de Solow, com tecnologia constante, a participação de cada factor no produto é constante ao longo do tempo, assim, as produtividades do trabalho (Y/L) e do capital (Y/K) ajustam-se de tal maneira que quando uma aumenta a outra reduz-se. Com efeito, admitida a hipótese de distribuição constante do produto entre trabalho e capital, o crescimento do produto por trabalhador significa maior salário e estímulo em substituir este input por capital. Isto é, se as duas grandezas forem representadas graficamente, tem-se uma curva, onde à medida que a produtividade do trabalho cresce, decresce a produtividade do capital. Estás esclarecido sobre esta correlação?
Se complicarmos o modelo com o progresso tecnológico que tu introduzes com o paradoxo de Solow (vemos computadores por xo de Solow (vemos computadores por todo o lado menos nas estatísticas de produtividade) é ainda mais obvia a consideração prévia do OT que não me parece pretender atirar culpas para cima de ninguém mas simplesmente, em defesa da parte habitualmente visada, ajudar a concluir o que tu também concluis que a produtividade sendo uma variável global da economia, sem ela não há competitividade e sem esta não há crescimento económico e social .
Tu próprio no post de continuação referes que “quando se fala em produtividade, sem acrescentar mais nada, geralmente tem-se em mente a produtividade do trabalho, aquele quociente entre o PIB e o número de activos que o realizaram” para introduzires o tema do CP “Falta de eficiência energética custa uma Ponte Vasco da Gama por ano”
Então em que é que ficamos? Lembras-te do teu post do barro e do oleiro?

E sobre os factores de produtividade do OT não tens nada a dizer?

Prometo que ainda vou reflectir sobre o tema Estado e voltar a ele em breve.


Azeitão, 19 de Maio de 2006


Meu caro Luciano,

Obrigado pelos teus comentários. A minha intenção de escrever estas coisas é precisamente essa: desafiar alguns amigos a pensar em alguns temas que durante as nossas carreiras profissionais não tivemos oportunidade de discutir por escrito, o que é bastante diferente de as discutir apenas verbalmente.

Vejamos então as questões que levantas:

Tu defines: pk=Pk/k (produtividade do capital medida pelo acréscimo de produção (Pk) que resulta de cada acréscimo de unidade de capital utilizado (k)) e pt=Pt/t (a produtividade do trabalho medida pela produção obtida (Pt) pela população activa que a realizou) concluindo que “entre uma e outra não existem variações necessariamente correlacionadas”.

As definições não são minhas. Creio que os critérios de avaliação da produtividade do trabalho são geralmente os que indico: o quociente entre o PIB e o número de activos que o realizou. Há também quem calcule a produtividade em termos de produtividade horária, o que leva a considerar, por exemplo que em França, neste caso, a produtividade do trabalho é superior à dos Estados Unidos. Mais do que o valor absoluto encontrado, contudo, normalmente valoriza-se a evolução observada. Nestas condições, a produtividade do trabalho evolui tanto mais significativamente quanto mais aumenta o PIB relativamente aos activos (trabalhadores, empresários, gestores, profissionais liberais, funcionários públicos, etc.) envolvidos.

A medida de evolução da produtividade do capital é normalmente feita pela sua evolução e não pelo seu valor absoluto pela dificuldade de avaliar o denominador se ele se referisse ao capital total envolvido na geração do produto mas ser facilmente quantificável o investimento anual.

Com efeito, admitida a hipótese de distribuição constante do produto entre trabalho e capital, o crescimento do produto por trabalhador significa maior salário e estímulo em substituir este input por capital. Isto é, se as duas grandezas forem representadas graficamente, tem-se uma curva, onde à medida que a produtividade do trabalho cresce, decresce a produtividade do capital.

Assim é. Se não houver alteração dos factores envolvidos (trabalho e capital), o crescimento de um far-se-á à custa do outro.

No entanto, o que OT, diz no seu documento é completamente diferente:

Transcrevo: “A segunda consideração prévia de natureza política é a de que, contrariamente ao que parece decorrer do discurso dominante, a produtividade não se resume à produtividade do trabalho. O relevante é o nível e a evolução da produtividade dos factores de produção, isto é, da produtividade do trabalho e da produtividade do capital. Esta consideração impõe-se, fundamentalmente, porque analisando a evolução da produtividade na economia portuguesa nos últimos 18 anos (de acordo com o Eurostat), constata-se que a evolução da produtividade do capital tem sido muito inferior à da produtividade do trabalho, sendo responsável pela anulação, em média anual, de cerca de 30% dos ganhos da produtividade do trabalho.”

Neste caso, portanto, o que está em causa não é a apropriação entre o capital e o trabalho do PIB mas da responsabilidade que o factor capital poderá ter tido na anulação da produtividade do factor trabalho.

Como podes constatar, dos valores que citei e que fui buscar à obra que referi, a produtividade do trabalho cresceu acima da produtividade do factor capital, durante o período referido por OT, para o conjunto dos 7 países mais desenvolvidos do mundo. Não se observou, portanto, apenas em Portugal. Creio que as razões para a evolução observada estão bem explicitadas no meu texto. Não há, portanto, nenhuma razão para se dizer que uma (a produtividade do capital) foi responsável pela anulação de 30% do crescimento da outra. Até porque, como se refere naquele meu texto, há investimentos que não têm nenhuma intenção de promover o aumento da produtividade do trabalho (de publicidade pela luta de quota de mercado, por exemplo) e outros (de inovação) têm efeitos com um desfasamento temporal considerável.

A produtividade do trabalho é, normalmente, eleita para avaliação da progressão do potencial de crescimento económico pela simples razão de que ela resume os efeitos conjugados de todos os outros factores (capital, matérias-primas, energia), os quais terão maior ou menor produtividade consoante as capacidades do factor trabalho que as utilizou.

Porque no denominador do conceito, que é um quociente, da produtividade do trabalho não se contam apenas os trabalhadores por conta de outrem, aqueles a quem, OT, por interposta entidade, se dirigiu, mas também os empresários, os gestores, os funcionários públicos, os militares, os profissionais liberais, os gestores, enfim toda a gente que contribui para a produção resumida no PIB.
Está lá o barro (no sentido dado no post em questão) e os oleiros.

Wednesday, May 17, 2006

HEXA - SEGUNDO TEMPO



Temos o Mundial de futebol à porta.
A Goldman Sachs realizou um estudo, “ The World Cup Economics 2006”, de circulação restrita, obviamente, a quem paga, o que não é o nosso caso. De qualquer modo, a partir de alguns dados publicados, é possível fazer algumas contas e confirmar aquilo que já escrevemos sobre o assunto (vid HEXA): tendencialmente as sociedades mais pobres serão as que fornecerão mais protagonistas para o “espectáculo-rei”.

Segundo estimativas da FIFA, as probabilidades de o Brasil ser Hexacampeão são de 12,4%. A seguir está a Inglaterra com 8,60%, a Espanha e a França com 8,30%, a Holanda com 8%, a Argentina com 7,4% e Portugal com 5,8%. A Alemanha, país onde decorre o campeonato, vem a seguir a Portugal com 5,50%. Estas probabilidades têm, naturalmente, em conta não só avaliação das potencialidades de cada uma das equipas mas do calendário de jogos que lhes coube em sorte.

Segundo o ranking estabelecido também pela FIFA, o Brasil detém o primeiro lugar mas a Republica Checa ocupa o segundo, a Holanda o terceiro, os Estados Unidos o quarto, a Espanha o quinto e o México o sexto. A França está agora em sétimo e Portugal em oitavo.

Há, evidentemente, muitas razões que podem explicar a supremacia de uns países relativamente a outros neste mundo do pontapé na bola mas é inquestionável que:

- a dimensão populacional
- a pobreza relativa

são duas boas condições para o sucesso de alguns craques nascidos em sociedades com aquelas características.

O Brasil tem uma relação entre a sua população (174,7 milhões) e o seu PNB/capita (7790 dólares PPP em 2003) que é, destacadamente, a mais elevada de entre as 32 candidatas ao título. O México, com um valor que é metade do Brasil, é segundo neste critério, e ocupa o sexto lugar no ranking da FIFA.

Entre o Brasil e o México interpõem-se, no ranking da FIFA, países ricos da Europa onde a tradição tem um peso considerável: a Espanha e a Holanda. A França, campeã recente, está relegada para o sétimo lugar do ranking apesar de contar nas suas fileiras sobretudo com atletas oriundos de países pobres. A Itália(14º) e a Alemanha (19º), tradicionais candidatas, cederam lugares a concorrentes com muito menos pergaminhos. A Suécia ocupa o 16º. lugar e a Suiça o 35º.

Portugal, pequeno e nem rico nem pobre, ocupando o oitavo lugar no ranking da FIFA e o sétimo no ranking de probabilidades de conquistar o título, deve, certamente, o seu sucesso relativo mais à pobreza que à dimensão.

Os Estados Unidos escapam também, neste caso, a qualquer dos pressupostos que sustentam qualquer favoritismo neste campeonato: país populoso e pobre, com tradição futebolística e rico. É populoso e rico. Talvez por isso, apesar de ocupar o quarto lugar no ranking da FIFA não vai além do décimo terceiro no ranking de probabilidades de conseguir o título.

World Cup economics


Larry Elliott and Ashley Seager
12 May 2006 11:25


With the World Cup only weeks away, one of Wall Street’s leading financial houses recently switched its attention from gold, shares and the dollar to which emerging economy has the best chance of lifting the trophy in Berlin on July 9.The Goldman Sachs World Cup and Economics 2006 survey suggests there is a limit to how much overlap there is between the beautiful game and the murky world of finance.Judged by best stock market form since the last World Cup in Japan and South Korea four years ago, the favourites this time would be Ukraine, one of the rank outsiders. A better bet may be Argentina, where the stock market was on its back after an economic collapse in 2002 but has since gained 548%, somewhat more impressive than the United Kingdom’s FTSE 100’s 41% rise, the second worst of all 22 nations in the World Cup this time.What the Goldman’s study does reveal, however, is that six of the countries in the G7 wealthy economies are in the top 20 football nations according to Fifa world rankings.Surprisingly, the richest of the G7 nations, the United States, is also the highest ranked by Fifa, in fourth place. France is in seventh place, England 10th, Italy 14th, Japan 17th and Germany, this year’s World Cup finals host, languishes in 19th place. Of the G7 countries, only Canada is not in the finals.Goldman Sachs says that when it comes to footballing success, population size matters. Luxembourg, Switzerland and Norway have three of the highest living standards in the world but feature nowhere in the World Cup. By contrast, the four most populous countries in the European Union -- Britain, Germany, France and Italy -- are the only European nations to have lifted the trophy.“This suggests that there may be a common denominator between size and football success,’’ said Jim O’Neill, the company’s chief economist. “Perhaps it is simply the size of population that matters for football success in Europe. Other economic measures matter less.’’On Europe in particular, the study suggests there could be a problem ahead for countries where the population is expected to drop as a result of falling birthrates. Italy and Russia are both set to see their populations decline by 20% by 2050, which could mean World Cup success will elude them. By contrast, Turkey’s fast-growing population could mean it will challenge Germany “as the automatic top European football country’’, O’Neill says.The “size matters’’ argument applies in Latin America as well. Brazil -- Goldman’s favourite to lift the cup for the sixth time -- has the largest population in Latin America. Using a probability model, combining official rankings and book-makers’ odds and the toughness of each team’s World Cup schedule, Goldman says Brazil has a one-in-eight chance of lifting the trophy. England, using the same yardstick, are second. Should England win for the first time since 1966, there would be a feelgood factor that would help boost an economy already on course for robust growth this year and next, according to the investment bank.The three big challenges facing the government -- productivity, rising taxes and pensions -- are hardly likely to worry football fans while they are glued to their TV sets or propping up a bar in Berlin, it adds. “More importantly,’’ said UK economist Ben Broadbent, “history tells us that if England were to bring home the World Cup it would keep its fans happy for decades to come.”That ought to be good news for British Finance Minister Gordon Brown who, in a foreword to the report, says England have the best chance to win a major tournament since Euro 96. With a bit of luck and some healed metatarsals, he said, David Beckham could lift the trophy this year. -- © Guardian Newspapers 2006

Wednesday, May 10, 2006

A PRODUTIVIDADE DAS PONTES

Ponte, significando aquele período que liga dois dias úteis e passa por cima de um feriado ou dia santo e mais alguns dias, e que a arte bem portuguesa de construir umas férias curtas consegue projectar com grande facilidade, não consta ainda dos dicionários, o que indicia que se trata de um nome correspondente a uma prática relativamente recente.

Recente, mas apesar de recente, cada vez mais alargada e frequente.

Aliás, os deputados deram há dias um exemplo acabado de bem construir um destes tipos de ponte: como metade deles se pôs ao fresco, a outra metade não teve outro remédio se não o de dar os trabalhos por interrompidos e ir também mais cedo para a praia. Alguns, poucos, destes construtores de pontes, celebraram, na altura, a Páscoa, mas a maioria não sabe já, sequer, qual o significado do evento religioso com que construíram a ponte alargada.

Há quem clame que assim não vamos lá, a produtividade esboroa-se, a competitividade idem, um dia destes temos que encerrar para mudança de ramo.

Esta actividade construtora de pontes que ainda não vêm no dicionário tem o seu lado anedótico mas deveria suscitar, por outro lado, alguma reflexão que permitisse avaliar as consequências deste vamos a ver quem faz menos na esfarrapada economia deste País.

Geralmente, o projecto de engenharia das pontes que não vêm no dicionário é da autoria da função pública. Os governos têm, todos sem excepção, entendido que este tipo de pontes é uma boa forma de manter o pessoal motivado sem aumento da despesa, porventura, até, com redução de alguma. Com efeito, estas pontes permitem uma redução razoável de custos variáveis ao erário público: energia para iluminação, aquecimento (se for ponte de Inverno), ar condicionado (se for ponte de Verão), chamadas telefónicas para familiares, amigos e amigas, namoradas e namorados, papel de impressão e escrita, papel higiénico, etc., etc., etc.

E, feitas as contas de certa forma, até aumentam a produtividade.

Se não, vejamos:

A produtividade do trabalho mede-se pelo quociente entre o PIB e o número de pessoas em actividade que o realizaram. Uma parte considerável do PIB (alguns dirão, considerável demais) é realizada pelos activos empregados na função pública.

Uma das formas de avaliação do PIB, em alguns casos a única exequível, é através do rendimento auferido pelas pessoas em actividade, no caso da função pública pelos funcionários públicos. A lógica é esta: os funcionários públicos prestam-nos serviços, nós pagamos com os impostos e taxas, logo o valor dos serviços prestados, isto é, o produto realizado pela função pública, isto é, o valor acrescentado por ela, vale aquilo que os contribuintes pagam menos, provavelmente, o deficit corrente do orçamento geral do Estado. O deficit corrente é, em certa medida, o excesso de que a função pública se apropriou relativamente aquilo que os contribuintes lhes pagaram pelos serviços prestados.

Se assim é, as pontes não reduzem o PIB (numerador do quociente para avaliação da produtividade, porque as remunerações não são reduzidas pelo facto de a função pública trabalhar menos tempo, e até podem contribuir para o seu aumento através da redução de importações (de energia, por exemplo) e o denominador da fracção mantém-se, porque o número de activos será o mesmo antes e depois da ponte, ou reduz-se, se a produtividade for calculada em termos de horas trabalhadas e não em por activo empregado. Em qualquer dos casos a produtividade ou se mantém ou aumenta. De certo modo, quanto menos trabalharem, maior é a produtividade…

Aparte o anedótico da situação, o que sobra de muito sério é a ausência de critérios de avaliação da produtividade real como medida da quantidade e da qualidade dos serviços prestados pela administração pública. Ocupando o Estado uma área de intervenção que ocupa cerca de metade da actividade económica em Portugal, uma das formas de fazer progredir o nosso crescimento económico é, sem dúvida alguma, pressionar o crescimento da produtividade na função pública.

E só uma maneira para obter essa progressão: definir objectivos para os diferentes Ministérios, secretarias de Estado, Direcções-Gerais, etc., tendo em consideração os valores-referências (benchmarking, no jargão internacional) atingidos nas economias dos outros membros da União Europeia, e fazê-los cumprir.

O Diário de Notícias de hoje publica a notícia de que
«O Governo, no âmbito da revisão da Lei das Finanças Locais, pretende colocar um revisor oficial de contas (ROC) em cada município de forma a zelar pela legalidade das contas camarárias, apurou o DN.»

Tenho as maiores dúvidas acerca das vantagens desta medida porque não acredito que os Revisores Oficiais de Contas, uma classe que tem defendido muito bem os seus interesses corporativos em proveito próprio, consiga intervir com isenção num campo político completamente minado. Mesmo nas empresas onde, por Lei, se requer a intervenção dos ROC a actividade destes, estupendamente remunerada, limita-se a copiar de uns anos para os outros os relatórios que formalmente são exigidos e lhes garantem os seus honorários chorudos.

A questão fundamental, contudo, não é a conferência ou revisão das contas: a questão é a consecução de objectivos de modo competitivo. Nas empresas, e sobretudo nas empresas que produzem bens e serviços transaccionáveis a competitividade é impulsionada pela necessidade de sobreviver e crescer. Os que não são competitivos, mais tarde ou mais cedo, terão que encerrar e despedir. Na função pública esta sanção não existe de todo. Não há conta de ganhos e perdas nem resultados negativos que assustem. Daí que quanto mais pontes, melhor.

A este discurso opõe-se aquele outro, que encontra abrigo na Constituição, de que não devem despedir-se os funcionários públicos excedentes ou incompetentes. Não houve até hoje um governante, enquanto o foi, que tenha tido a coragem de dizer que, havendo muito mais contribuintes do que funcionários públicos os interesses dos primeiros deveriam sobrepor-se aos interesses dos segundos. Em Portugal sucede exactamente o contrário.

Enquanto em Portugal os interesses dos consumidores forem preteridos a favor dos trabalhadores, sendo os primeiros em muito maior número que os segundos, a produtividade em Portugal andará sempre de rastos e a convergência económica com a média da União Europeia uma miragem constantemente a afastar-se.

Recentemente, 22/3/2006, a revista brasileira “Veja” dava conta que, segundo um estudo de Aldo Vincenzo Bertolucci, “ O custo da Administração dos Tributos Fiscais no Brasil”,
“A carga tributária do Brasil é das mais altas do mundo. Em 2005, atingiu 37,5% do PIB. Uma parte da arrecadação é gasta na burocrcia do próprio Fisco. Um estudo mostra que só Portugal, em uma selecção de dez países, despende mais com a administração tributária.

Portugal ---- 2,7%
Brasil ---- --- 1,3%
Austrália --- 1,2%
Inglaterra --- 1,1%
Canadá ----- 0,9%
França ------ 0,8%
EUA -------- 0,4%
Japão ------- 0,3%
Israel ------- 0,2%
Noruega ---- 0,1%

O Fisco em Portugal é cerca de 27 vezes mais caro que na Noruega.
Porquê?

Para responder e corrigir os ROC não fazem falta e até podem atrapalhar.
O que falta é coragem política e consciência cívica.

E falta vergonha.

Tuesday, May 09, 2006

A PRODUTIVIDADE DA ELECTRICIDADE - cont


A produtividade, aliás a falta dela, passou a partir de certa altura, a ser considerada a ovelha negra do nosso rebanho. Sem produtividade não há competitividade, sem competitividade não há crescimento económico, sem crescimento económico não há emprego, sem emprego temos de emigrar…

Mas a produtividade, ou a falta dela, tem muito que se lhe diga.

Quando se fala em produtividade, sem acrescentar mais nada, geralmente tem-se em mente a produtividade do trabalho, aquele quociente entre o PIB e o número de activos que o realizaram. Esta tendência para assimilar a produtividade à produtividade do trabalho resulta do facto de, em última instância, decorrer do homem, das suas capacidades e das suas oportunidades, o alcance de mais produtividade em todos os outros factores que contribuem para a produção. A produtividade do trabalho resume a produtividade que o homem ou um conjunto deles retira dos outros factores ao seu dispor: o trabalho, o capital, as matérias-primas, o tempo até, tanto o tempo-espaço como o tempo meteorológico.

Em artigo publicado no “Público” de 4/5/2006, titulado

“Falta de eficiência energética custa uma Ponte Vasco da Gama por ano”,

afirmação de Carlos Pimenta, ex-secretário de Estado do Ambiente, que é da opinião que “cada ano que passa sem uma política energética que reduza a sua dependência externa, os portugueses pagam uma Ponte Vasco da Gama”

e, mais adiante,

“No caso português, o problema não é o preço do petróleo, agora que se encontra nos 75 dólares por barril, mas a quantidade que se consome. A indústria de um país não deixa de ser competitiva, se todos comprarem o barril de petróleo ao mesmo preço. O factor diferenciador é quantos barris os portugueses precisam para fazer a mesma unidade de PIB que os dinamarqueses. Precisam de duas vezes mais.”

Mesmo no caso das matérias-primas a produtividade do factor trabalho é afectada, negativa ou positivamente, pela produtividade que estiver a ser obtida daquelas. Se o consumo energético em Portugal para a produção de uma unidade de PIB é duplo do dinamarquês, a competitividade dos nosso produtos e serviços, na parte do custo energético necessário para os produzir, é metade do conseguido na Dinamarca. Como o PIB resulta também de uma diferença, entre o que produzimos e o saldo entre o que importamos e exportamos, uma mais eficiente na utilização da energia aumentaria o PIB na exacta medida da redução conseguida dos consumos energéticos, e, consequentemente, o PIB por pessoa activa.

A nossa dependência energética, calculada em cerca de 85%, é, portanto, uma ameaça em várias frentes: pode colocar-nos em situação económica e socialmente caótica em caso de conflito mundial que comprometa fortemente o regular abastecimento de crude e de gás, é um factor de erosão da competitividade das nossas produções e da riqueza média produzida pelos portugueses activos.

Se o factor capital nem sempre influencia, ou não influencia de forma proporcional, a produtividade do factor trabalho, a produtividade das matérias primas e, nomeadamente, a produtividade da energia tem uma influência directa e proporcional na produtividade do trabalho e, obviamente, na produtividade total.

Se os cálculos de CP estão aproximadamente correctos, a produtividade do trabalho é reduzida pela ineficiência energética por um valor equivalente ao valor de “uma Ponte Vasco da Gama por ano” (1200 milhões de euros) dividido por cerca de 7 milhões de portugueses, qualquer coisa como 170 euros, quase 1%, só à conta da conta da energia.

Thursday, May 04, 2006

A PRODUTIVIDADE DA ELECTRICIDADE

Meu caro Luciano:

Há quanto tempo ando a prometer (ou ameaçar?) desafiar-te para um torneio à volta da produtividade! Como sabes, não jogo bridge, acerto às vezes na bola de golfe, mas ultimamente tenho andado com dores de cotovelo. De modo que me lembrei da produtividade. Podia dar-me para pior, convenhamos.

Tu, como sempre, de vez em quando mandas-me uns papéis, comentários teus, nicles. Há dias deste-me um do OT, coisa de Outubro de 2003 que ele escreveu para um Seminário da CGTP-IN, não sei se ele não terá entretanto mudado de ideias. Pela idade e pelo partido, pode ser que não.

“Contrariamente ao que parece decorrer do discurso dominante, a produtividade não se resume à produtividade do trabalho. O relevante é o nível da produtividade total dos factores de produção, isto é, da produtividade do trabalho e da produtividade do capital. Esta consideração impõe-se, fundamentalmente, porque analisando a evolução da produtividade na economia portuguesa nos últimos 18 anos (de acordo com o Eurostat) constata-se que a evolução da produtividade do capital tem sido muito inferior à produtividade do trabalho, sendo responsável pela anulação em média anual de cerca de 30% dos ganhos de produtividade do trabalho”

Esta, uma das quatro considerações prévias que OT constantes do documento.
Como te disse, não compreendi o sentido da constatação, não percebia como conseguia o factor capital anular os ganhos do factor trabalho, a não ser por análise simétrica: se os ganhos de produtividade do factor pessoal se devem, em grande parte, à utilização do factor capital, as perdas daquele por conta deste só poderiam decorrer de reduções desse mesmo factor capital mas, neste caso, a redução da produtividade do capital, que é um quociente, só poderia ocorrer se o numerador (produção) tivesse uma evolução mais desfavorável que o denominador (capital), situação que contraria o primeiro pressuposto: a produtividade do factor pessoal aumentou, tendo aumentado a produção.

Na realidade, a redução da produtividade do trabalho pode ocorrer por redução da produtividade do capital em situações extremas: aquelas em que se assiste à degradação do parque industrial (ou outro) que criou anteriormente as condições para o aumento da produtividade do factor pessoal observada antes dessa degradação. Seguramente, não foi o que aconteceu em Portugal no período a que OT se refere.

Perguntarás: Então estão erradas as estatísticas do Eurostat? Provavelmente sim, mas, como todas as estatísticas que se prezem, talvez não muito.

O que terá acontecido em Portugal, e provavelmente também na Europa, no período referido por OT, deve ter sido uma progressão da produtividade do factor capital inferior à progressão do factor trabalho no mesmo período.

Mas isto é totalmente diferente do que concluiu OT quando se dirigiu aos camaradas da CGTP-IN.
Dito de outro modo, pk=Pk/k foi inferior a pt=Pt/t,
onde pk é produtividade do capital medida pelo acréscimo de produção (Pk) que resulta de cada acréscimo de unidade de capital utilizado (k) e pt é a produtividade do trabalho medida pela produção obtida (Pt) pela população activa que a realizou, mas entre uma e outra não existem variações necessariamente correlacionadas.

Vejamos porquê:

No período 1960-1973, nas 7 maiores economias do mundo a produtividade do factor trabalho cresceu, em média 4,5% por ano, e no período 1973-95 o crescimento foi apenas de 1,5%. Entretanto, o crescimento da produtividade total (produção por unidade de trabalho e de capital, combinadas) caiu de 3,3% para 0,8% por ano.

Nas duas últimas décadas o investimento em computadores cresceu entre 20 a 30% por ano. Os investimentos em IT cresceram de 7% em 1970 para 40% em 1966. Estes investimentos deveriam, teoricamente, impulsionado o crescimento económico mas isso não acontece desde o começo da década de 70. A esta aparente falta de reacção produtiva das novas tecnologias tem sido chamado o “paradoxo da produtividade”, e, Robert Solow, Prémio Nobel, foi um dos economistas que mais cedo chamou a atenção para o assunto.

Paul Krugman, um economista tão conhecido quanto controverso, afirma que os avanços tecnológicos recentes não jogam na mesma liga daqueles que ocorreram no princípio do século passado. A emissão electrónica de um bilhete de caminho de ferro é uma maravilha da técnica, mas a duração da viagem não passou a ser menor; o código de barras facilitou muito a distribuição mas não se extinguiram as filas nos supermercados para efectuar o pagamento. O facto dos computadores serem hoje 50 vezes mais rápidos que há dez anos não significa que o trabalho que realizam seja 50 vezes mais produtivos. Uma das razões pelas quais o investimento em computadores é muito elevado decorre da elevada frequência com que estão a ser substituídos por equipamentos mais eficientes.

Por outro lado, os investimentos em novas tecnologias nem sempre têm como objectivo aumentar a produtividade. Um estudo da OCDE (Technology, Productivity and Jobs) conclui que uma quota cada vez mais importante de despesas de R&D e IT é dedicada à diferenciação e marketing, numa luta por quotas de mercado, e não para melhorar as condições de eficiência na produção.

Mas o investimento em IT não explica tudo.

A história económica mostra que a concretização dos efeitos plenos das revoluções tecnológicas demora sempre algumas décadas. É a divulgação plena das tecnologias e não a sua criação que proporciona todos os seus benefícios. Um exemplo clássico deste desfasamento é o caso do dínamo eléctrico que permitiu a utilização comercial da electricidade: introduzido na década de 80 do século XIX só 40 anos depois proporcionava ganhos significativos. Ganhos na produtividade industrial caíram depois de 1890 e só recuperaram em 1920, o que demonstra a lentidão dos reflexos da utilização da electricidade.

Há ainda uma outra razão para explicar o paradoxo: os instrumentos de medida utilizados para medir a produtividade são mais adequados para as condições produtivas no sec XIX do que aquelas que caracterizam as economias actuais. O abrandamento da produtividade tem-se observado em grande parte no sector dos serviços, onde é difícil medir a produtividade.

Em áreas como as finanças, saúde e educação, os serviços de estatísticas do Estado assumem geralmente que a produção cresce proporcionalmente às horas trabalhadas. O efeito bizarro que daqui resulta é considerar que o aumento de produtividade é nulo.

A parte da economia que permite uma avaliação consistente da produtividade é cada vez menor.

A desactualização do “cabaz de produtos”, que mede a evolução dos preços no consumidor, e é o instrumento deflaccionador que permite a comparação dos valores das variáveis económicas em diferentes períodos, é também responsável, frequentemente, pela subavaliação das produções atingidas, e, consequentemente, da evolução da produtividade. Esta subavaliação ocorre, sobretudo, quando o “cabaz” não integra ainda produtos que em consequência da evolução tecnológica sofreram reduções de preços, e frequentemente aumentaram de qualidade: o valor da produção reduz-se quando avaliado pelo “cabaz” não aferido, penalizando o valor da produtividade.

(vd. Economics – Making sense of the modern economy/ Ed. The Economist, 1999)

A conclusão parece ser inquestionável: há investimentos de capital que induzem aumentos de produtividade do factor trabalho, e da produtividade total, geralmente com grande desfasamento temporal relativamente ao momento em que o investimento se concretiza, há outros que não têm qualquer efeito no factor trabalho por perseguirem outros objectivos.

O que se passou em Portugal deve ter seguido o padrão observado para os países mais ricos.

De qualquer modo o factor trabalho envolve todos os activos envolvidos na produção de bens e de serviços, subordinados e chefias, empregados e empregadores, pequenos e micro empresários e altos funcionários públicos. Não parece que se adiante muito atirando uns as culpas para cima dos outros. Mas já adianta analisar as razões da nossa falta de produtividade no contexto económico em que nos inserimos e o crescimento requer. Sem produtividade, é por demais reconhecido, não há competitividade, sem competitividade não há crescimento económico e social.

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A seguir: A PRODUTIVIDADE DAS PONTES

Tuesday, May 02, 2006

É A GUERRA



Com este título publicou o inesquecível esquecido Aquilino as suas recordações do ambiente gerado em Paris pelos clamores que anunciavam a guerra que iria durar quatro anos e pôr o ovo de serpente que geraria a segunda com o mesmo apelido, três décadas depois. Na rua, tudo e toda a gente falava da guerra.

A guerra agora é outra, mas que há guerra, guerra mundial, é tão certo quanto estranho que pouca gente dê por isso. Fora dos Estados Unidos a guerra do Médio Oriente é tida como uma guerra dos americanos causada pelas caturrices e burrices do Bush. Em Washintgton DC, neste Abril sempre caprichoso em pôr à prova os meteorologistas, a atmosfera é de tranquilidade pastoril. Quando chegámos disputavam ainda a primazia das cores algumas cerejeiras, carregavam-se de cachos de rosa velho umas primas suas, a julgar pelo tronco que identifica a família. Depois sobressaíram os brancos de leite e o rosa salmão das dogwood ao mesmo tempo que, mais junto ao chão, explodiram, multicores, as azáleas. No espaço de três semanas os bosques pintaram-se daquele verde tenro que a que o sol dá uma vibração de luz que estremece de serenidade. As espécies gorgeadoras davam o concerto de continuação do mundo e convivem tão próximas e tão confiantes que me fazem interrogar como é que nós fomos capazes de extinguir os pintassilgos.

Na rua ninguém fala da guerra, os ecos da guerra chegam através dos protestos pelo aumento do preço da gasolina: três dólares cada galão, cerca de metade daquilo a que estão habituados a pagar os europeus.



Decididamente, os Democratas já iniciaram a campanha eleitoral de Novembro. JF Kerry tinha dado o mote há dias com a reafirmação da sua posição contra a guerra no Iraque e a retirada das tropas norte-americanas.

Segundo a mais recente sondagem do WP, apenas 37% dos norte americanos aprova forma como Bush tem lidado com a situação no Iraque, e os que responderam à sondagem consideram o assunto como questão chave para decidirem quanto ao seu sentido de voto nas eleições de Novembro.

Por outro lado, contudo, as sondagens mostram que, ainda que muitos norte americanos queiram a redução das suas tropas no Iraque, 70% acredita que não é possível uma retirada imediata.

Os Serviços de Investigação do Congresso, entretanto, admitem que se a presença norte-americana no Iraque e no Afeganistão se prolongar por mais 10 anos os custos da guerra nestas duas frentes suplantarão os custos da guerra no Vietname. Vale isto por dizer que é oficialmente admitido que a presença norte-americana no Iraque e no Afeganistão se pode manter por mais 10 anos, ainda que essa presença venha a ser progressivamente reduzida com paralela redução dos custos, segundo a Week, May 4, 2006.

Em 2006 os custos militares norte americanos nas duas frentes atingirão 117,9 biliões de dólares. Entretanto, a Exxon Mobil, uma dos maiores companhias petrolíferas do mundo deve ultrapassar este ano os 36 biliões de dólares atingidos o ano passado.

Os preços da gasolina “regular” (87 octanas) ultrapassaram os 3 dólares por galão (3,785 litros), cerca de metade dos preços na Europa, e tornaram-se o assunto mais discutido nos media.

Last but not least, os últimos relatórios dão conta de já terem morrido, na guerra do Iraque, 2401 militares norte americanos e 127 civis, sobretudo entre o pessoal envolvido nas obras de reconstrução. Ficaram feridos 17762 militares.

As outras forças envolvidas, sobretudo britânicas, sofreram 214 baixas mortais.

Entre os iraquianos civis o número de mortes em consequência do conflito situa-se entre um mínimo de 34512 e um máximo de 38661.
Perguntar-me-ão: O que é que nós temos a ver com isto? A nossa guerra é outra. Só na ponte do primeiro de Maio morreram 16 pessoas, não contando com aquelas que morrerão, por acidentes naquele período, nos próximos 30 dias.
Excesso de álcool? Excesso de velocidade? Excesso de falta de civismo?
Excesso de gasolina, é o que é.