Al Capone, o célebre gangster ítalo-americano durante as primeiras três décadas do século passado, com um curriculum recheado de crimes de contrabando e outras habilidades ilegais, teve sempre arte e engenho para escapar às malhas da justiça.
Até ao dia em que ficou confirmado que fugia aos impostos.
E foi por esta habilidade que, em 1931, foi condenado pela justiça americana a onze anos de prisão.
Trump, o próximo presidente dos EUA, confessadamente, não pagou impostos durante 18 anos, e recusou-se a demonstrar o cumprimento das suas obrigações fiscais. Alegou publicamente que limitou-se a aproveitar as oportunidades concedidas pela lei.
Mas o New York Times explicava na sua edição de 31 de Outubro - vd. aqui - a forma como Trump escapou ao pagamento de impostos usando o dinheiro de outras pessoas. Outro artigo publicado no mesmo dia no mesmo NYT afirma - vd. aqui - que Trump usou métodos legalmente duvidosos para escapar ao pagamento de impostos.
Há duas semanas, o Financial Times publicava um extenso artigo de investigação - vd. aqui - que garante provar a evidência de ligações de Trump a uma alegada rede de branqueamento de capitais.
Estas, algumas das notícias que foram publicadas durante a fase mais acesa da campanha. E, no entanto, aquilo que parecia ser uma enorme vulnerabilidade do candidato republicano foi, praticamente, estranhamente ignorado por Hillary Clinton, que passou a centrar os seus ataques na misoginia alarve de Trump para conquistar o eleitorado feminino, que já tinha a seu lado. Por quê?
Por que razão não foi Trump confrontado com as notícias que denunciavam habilidades semelhantes aquelas que em 1931 algemaram Al Capone?
Trump ganhou (com menos votos que Clinton), segundo as análises dos resultados entretanto publicados, sobretudo com os votos dos mais pobres e menos instruídos.
Já há explicações mais que suficientes para o fenómeno de ter sido eleito presidente um bilionário de Nova Iorque, que se tem na conta de muito esperto porque, além do mais, não paga impostos, com os votos dos mais desprotegidos do interior.
Da Justiça norte-americana, tem-se a imagem de ser célere, acertada e implacável.
Das elites norte-americanas, formadas nas universidades mais prestigiadas do mundo, a capacidade para denunciar a prepotência da imoralidade e o incumprimento da lei.
E não acontece nada?
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