Estimada Margarida C.A.,
A 27/11/2005 escrevi aqui um texto longo demais para poder caber nesta caixa de comentários.
Espero que, de tão longo, não desanime a sua paciência.
Depois, voltei ao tema várias vezes durante os últimos onze anos:
a globalização, inevitável porque o mundo é cada vez mais pequeno, incita a competitividade e, implicitamente, o crescimento da produtividade (os robôs são um instrumento ideal de aumento da produtividade), e, também inevitavelmente, a redução global de empregos.
E há muito que afirmo, para risada dos meus amigos, que um dia quem quiser trabalhar terá de pagar por isso.
O que é chocante, verdadeiramente chocante, mais chocante que a ameaça robótica, são as imagens de miséria, fome, doença, guerra, que nos entram em casa se lhe abrimos a porta.
Ontem estive a ver uma reportagem sobre Angola.
Eu nunca visitei Angola, mas tenho amigos que nasceram lá ou que lá vão com frequência e já me tinham dado conta da coabitação entre a extrema opulência (Luanda é recordista no consumo de champanhe ...) e a miséria extrema. Ainda assim, não imaginava que o contraste fosse tão profundo, sobretudo considerando as riquezas naturais do país.
E interrogo-me (dúvida pela positiva): O que poderão fazer os robôs por isto?
2 comments:
Estimado Rui Fonseca
Recordo-me de ter lido o post que indicou. Fui verificar, lembrava-me de o ter lido e do seu sentido.
Até onde nos pode levar a nossa insaciável vontade de descobrir e construir ditada pela insaciável necessidade de eficiência e produtividade? Não sabemos, podemos imaginar. Basta olharmos para os últimos trinta ou quarenta anos e concluiremos sobre a evolução ocorrida, para o bem e para o mal. Temos que reconhecer os grandes progressos tecnológicos conseguidos e os benefícios que proporcionam a milhões de pessoas, mas temos, também, que reconhecer que a pobreza e a fome, a violência e a guerra, etc. continuam, atingem milhões de pessoas que nunca ouviram falar de robôs ou deles não podem beneficiar. Os robôs não serão certamente a "bola de cristal" para este mundo de contrates em que vivemos.
Grato pela amabilidade de mais esta sua visita a este caderno de apontamentos.
Rui Fonseca
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