Caríssimo António,
Se houve, e houve certamente, influência da comunicação social na opção de voto dos menos informados (foram sobretudo eles que decidiram as eleições num sistema que não se decide pela maioria do voto popular), essa influência beneficiou Trump porque lhe concedeu muito maior permanência em palco. "Não receio que falem mal de mim desde que falem de mim", foi o mote que o catapultou.
Poderia ou deveria a comunicação social, e não estamos a falar de tablóides, mas de media prestigiados como o New York Times, o Wall Street Journal, o Washington Post, o Financial Times, o Economist, etc., ignorar as alarvidades que Trump bolsou?
Não, Caríssimo António.
O cronista que citas, que não podemos esquecer teve um papel muito interventivo há umas décadas atrás num semanário de vida curta, foi especialista na intriga política. Depois foi romancista de fôlego fátuo. Ultimamente dedica-se a cronicar lamechas e apreciações gastronómicas. Faz pela vida, mas não deixou de ser um cabotino.
As suas afirmações não explicam porque é que Donald Trump foi o candidato dos republicanos contra a clara vontade de uma grande parte do GOP. Do meu ponto de vista, o que explica a vitória de Trump contra o "seu" partido explica também a vitória dele contra Clinton.
Para perceber o que se passou temos de perceber as razões de sucesso
do populismo que alastra agora por todo o mundo ocidental.Mesmo considerando a enorme disparidade dos contextos históricos, vale a pena reler a biografia de Hitler de Ian Kershaw.
Obama herdou o governo de um país em crise explosiva e deixa a Casa Branca com cerca de 57% de popularidade.
O MEC, cronista gastronómico, poderia ter-se dedicado a perceber o resultado do cozinhado analisando como se comportaram os diferentes ingredientes. Optou pelo caminho mais fácil: culpou o grupo daqueles de que já fez parte. Problema de má consciência claramente mal resolvido.
No comments:
Post a Comment