Thursday, February 14, 2013

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A recessão em Portugal atingiu os 3,2% em 2012, segundo dados acabados de divulgar pelo INE, excedendo as previsões do Governo, sobretudo em consequência da queda de 3,8% observa no último trimestre. Ontem,  soube-se que a taxa de desemprego subiu para 16,9% no último trimestre do ano. O senhor Passos Coelho reconheceu a calamidade mas disse que a evolução se encontrava razoavelmente em linha com as previsões, ainda vai aumentar, para inflectir a seguir, se...
 
E aquele se é um prenúncio de maior desastre. Fluente no discurso, Passos Coelho tinha a resposta engatilhada para a circunstância: por enquanto a recuperação tem de valer-se da procura externa, a retoma económica vai acontecer algures ainda este ano e só em 2014 poderá contar-se com um crescimento induzido pela procura interna.
 
As perspectivas de crescimento da procura externa na Europa são medíocres: Soube-se também hoje (o Financial Times chama-lhe massacre em dia de S. Valentim) que a Zona Euro caiu 0,6% no último trimestre de 2012, -vd aqui - o pior resultado dos últimos quatro nos, não poupando a Alemanha, a França, a Itália. Se os exportadores portugueses têm tentado diversificar os seus meus mercados clientes fora da Europa, a União Europeia continua ainda a ser, de longe, o seu principal mercado.
 
Não sabemos se estes resultados vão influenciar a determinação da Chanceler Merkel e dos seus seguidores do norte na política de austeridade a todo o custo, para usar a expressão que o senhor Passos Coelho lhe deve ter ouvido dizer. Uma política que, é por demais evidente, tem tido como preocupação primeira o resgate dos bancos e a absolvição dos banqueiros que se atiraram alegre e inimputavelmente para fora de pé.
 
Nos EUA, a via escolhida foi outra, e não sabemos se seria diferente se Obama tivesse perdido contra os republicanos John McCain em 2008 e Mitt Romney em 2012. Mas podemos perguntar-nos sobre o que sucederia se os republicanos tivessem adoptado uma política fiscal tão contraccionista como a que a Zona Euro adoptou. Haverá quem duvide que seria o desastre global?

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