Tuesday, February 12, 2013

COIMBRA É UM DOCUMENTO

Começou por se chamar "Portugal Primeiro" mas alguém terá chamado a atenção dos autores para o facto de a designação já ter sido utilizada há dois anos pela concorrência e foi crismado "Documento Coimbra". Fruto de uma reflexão conjunta de A J Seguro e A Costa, o documento não prima por alguma originalidade, nem na forma nem no conteúdo. É uma resenha do que tem sido dito e redito pelo secretário geral do PS, e é difícil encontrar nele algum ponto que seja que denuncie uma concessão a alguma imposição de A Costa, que contrarie ou acrescente algo relevante ao que A J Seguro tem reclamado. Só pelo timbre e entoação do discurso se poderiam distinguir os oradores se o documento tivesse sido preparado para propaganda num combate eleitoral à vista.
 
Que não vai haver. A Costa não é candidato, Seguro continua no seu posto, ainda que, de imediato, tenha começado a sentir que continuam a balançar-lhe o palco. Conclusão óbvia: o mais importante das discussões entre os líderes das duas facções em confronto não é o que consta do "Documento Coimbra" mas o que acordado, e o desacordado,  em Coimbra, não consta do documento, que A Costa classificou, para uso externo, um bom sinal..
 
Para já , A Costa será candidato a renovar o seu mandato em Lisboa, Seguro disputará a Passos Coelho a cadeira em São Bento. Se conseguir, será o próximo primeiro-ministro, o que não será um bom augúrio mas não parece descortinável no horizonte visível alternativa mais confortável para os portugueses. A Costa continuará presidente da Câmara de Lisboa, e, será candidato à presidência da República, um cargo que o colocará na prateleira da história sem  a maçada de ter que se confrontar frente a fente com a crise, que promete durar.  
 
Com o professor Marcelo num palco em canal aberto, e sem contraditório, A Costa tem menos visibilidade mediática num canal pago, e esse handicap tornará mais difícil a sua subida a Belém. A menos que Seguro continue em palco instável e, em algum momento, saia de cena pela esquerda baixa, entrando A Costa pela esquerda alta.
 
As directas abertas, que Assis chegou a propor, sem sucesso, durante a última campanha, poderá ser um desafio que Seguro continuará a rejeitar mas fará o seu caminho. Por ele, a democracia caminharia melhor. As directas internas continuarão a promover aos lugares cimeiros os que mais vezes cumprimentam  os que lhe garantem os votos, e a fazer perdurar a mediocridade dos líderes.

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