Tuesday, February 26, 2013

BEPPE GRILLO

Beppe Grillo não é um pândego qualquer. O resumo biográfico publicado na Wiki explica de algum modo os 25,55% dos votos que conseguiu ontem e que, com os arrebatados pelo Cavaliere, confirmam o que as sondagens previam: os italianos, como é de regra, e as regras do jogo eleitoral italiano propiciam, optaram mais uma vez pela confusão política à sua moda. Beppe Grillo foi o candidato individualmente mais votado mas não aceita participar em coligações, Berlusconi trocará as ligações políticas como troca de ragazze.
 
Sobre Mário Monti, humilhado com um quarto lugar, recaiu a fúria da esmagadora maioria do eleitorado contra a política de austeridade. Sobre os resultados, escreveu Beppe Grillo no seu blog - Il Blog de Beppe Grillo -, um dos dez mais lidos do mundo, que
 
os italianos não votaram ao acaso, ao escolherem nestas eleições quem os representa. Na Itália há dois blocos sociais: O primeiro, é composto por milhões de jovens sem futuro, com empregos precários ou desempregados. A este bloco também pertencem outros excluídos, aqueles que recebem pensões de fome, os pequenos e médios empresários que vivem sob um regime de polícia de impostos, alguns dos quais o desespero atira para o suicídio. O segundo bloco social é formado por aqueles que querem manter o stato quo, aqueles que passam pela crise mais ou menos incólumes. O primeiro grupo quer a renovação, o segundo a continuidade. Quem votou em Beppe Grillo pertence em geral ao primeiro grupo. Nos próximos dias, vamos ver um renascimento do governo com outro  Monti.

Esta, a conversa de Beppe que, no entanto é suficientemente rico para poder financiar a sua campanha eleitotal e, além de outro sinais exteriores de riqueza, ter o seu iate e um Ferrari sport. Beppe Grillo e Berlusconi são dois exemplares da mesma tara político-social - o populismo - que geralmente ataca as democracias fragilizadas pelas crises económicas e se alastra contagiando a vizinhança. Se do caos resultante destas eleições em Itália retirarem os vizinhos do norte o entendimento de que, talvez, nem eles estarão imunes de serem atingidos pelo morbo, talvez a Europa volte a carrilar. Se assim for, Beppe Grillo, que se propõe criticar mas não governar, pode ter dado um contributo colocar nos eixos um combóio descarrilado. Talvez por isso Stiglitz lhe tenha dado o seu apoio.

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