Sempre pensei que as notícias acerca das consequências dos impecilhos da burocracia na repulsão do investimento em Portugal era cantiga de promotores imobiliários e construtores civis que pretendiam encavalitar mais umas quantas urbanizações em cima das falésias do litoral, penetrar em reservas ecológicas ou levar por diante outros projectos de cimento armado com lucros chorudos garantidamente prometidos. Mais que esgotados os recursos públicos para os governos, central, regionais e locais apresentarem obra para regalo do olho do eleitor, o país precisa de investimento privado que aumente o seu potencial competitivo e possa fazer acontecer o que todos os políticos prometem sem resultados visíveis.
Pensava eu, ingenuamente pelos vistos, que de cada vez que aparecia um projecto privado com objectivo diferente de continuar a cimentar o país, a função pública convidava o arrojado promotor para uma reunião, oferecia-lhe um chá e uns bolos secos, discutia com ele o que fosse entendido conveniente para a apreciação da proposta, e, em menos de três tempos, aprovava e apoiava o projecto, a menos que o mesmo se encontrasse ferido de restrições insanáveis. Mas está muito longe de ser assim.
Há dias, afirmava num programa televisivo Alexandre Patrício Gouveia, que a morosidade na apreciação dos processos submetidos à apreciação da função pública é tal que Portugal se encontra relegado para os últimos lugares do ranking do último relatório do World Trade Forum divulgado no fim de 2012 em Davos. E citou alguns casos que, de tão chocantemente exemplares, só podem merecer do cidadão comum civicamente consciente uma reflexão de repúdio pelo comportamento daqueles que, sendo pagos para defender os interesses públicos, atraiçoam o que prometeram cumprir e são, também eles, responsáveis pela situação em que o país se encontra.
Afirmou Patrício Gouveia que tendo um empresário a oportunidade de produzir e exportar pêssegos, brancos, se bem me recordo, de uma qualidade superior, se viu obrigado a desistir de investir por ter de se confrontar com doze entidades diferentes. Deu outros exemplos, milhões de pessoas terão ouvido o programa, certamente que alguns políticos, mais ou menos responsáveis também, provavelmente só eu é que ignorava a extensão deste crime público, e não acontece nada?
Desgraçado país que tais tipos tem.
1 comment:
Eu ouvi e é realmente assim. O estado impede a iniciativa privada
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