Sunday, February 17, 2013

CAMPO GRANDE

Em 10 de Outubro de 2010 soube-se que a Câmara de Lisboa ia assinar com a Universidade de Lisboa  um protocolo destinado à requalificação do Caleidoscópio e do Jardim do Campo Grande. O Caleidoscópio foi cedido pela Câmara à Universidade de Lisboa para a instalação de um centro académico.
 
Passei por lá há dias. Passados quase dois anos e meio sobre a assinatura do protocolo, o Caleidoscópio continua a exibir a degradação a que o abandono e o vandalismo o sujeitaram durante muitos anos. Há movimentações  de terras, nas proximidades e no espaço que foi um lago. Outras edificações contruidas em várias épocas e em diversos locais do jardim, entras outras as piscinas municipais, esperam há muitos anos que as requalifiquem ou as desmontem e as levem dali. O acesso ao jardim do lado das instalações da Universidade faz-se através duma ziguezagueante  rampa de acesso (em cimento, evidentemente), esteticamente, um aborto, funcionalmente, uma aberração,  que pouca gente utilizará
 
 
O Jardim do Campo Grande poderia ser um espaço aprazível mas é repulsivo. Se tivese havido menos vocação cimenteira da Câmara ao longo de muitas décadas para o preenchimento dos poucos espaços verdes da cidade com equipamentos urbanos, Lisboa seria mais acolhedora e as despesas de funcionamento da edilidade menos elevadas. As instalações construidas no Parque Eduardo VII são outro exemplo desta propensão para substituir o verde pelo cinzento.  Como os recursos são limitados e não chegam para a manutenção destas contsruções, passados alguns anos começa a decadência e um dia alguém se lembra de as requalificar, um eufemismo para encobrir uma política de incultura.
 
Na altura em que passávamos junto às obras havia na placa central entre a faixas centrais e a lateral do lado Caleidoscópio, estavam dois grupos de rapaziada, um deles com com capa e batina, entretidos numa actividade aparentemente praxista que, presumo, faria parte dessa tradição recente e repelente de aviltamento dos caloiros. De um lado, duas ou três dezenas de caloiros, todos com penicos enfiados na cabeça, do outro os veteranos. Naquele instante, alguns caloiros, faziam flexões de braços no chão evitando deixar cair os penicos.
 
A recuperação do Caleidoscópio para um centro académico acabará por colocar o edifício, que está longe de merecer o investimento, à mercê da inerradicável cultura de penico que se cultiva ali ao lado.

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