O ministro Vitor Gaspar só hoje reconheceu que a recessão este ano será superior aquela que o Governo ainda há pouco tempo considerou nas variáveis macroeconómicas do OE aprovado pela maioria na AR. Ao mesmo tempo que anunciava a sua revisão em baixa de 1% para 2% do PIB, V Gaspar reconhecia ainda que o comportamento da realização orçamental no último trimestre de 2012 iria forçar à necessidade de mais uma ano para o reajustamento previsto no memorando de ajuda externa.
Não reconheceu ainda V Gaspar que todos os signatários do memorando - troica, governo, e os partidos que co-subscreveram o documento, que aquele documento, logo à partida, apontava para alguns objectivos nucleares de realização virtualmente impossível. E que essa impossibilidade não só subsiste como se agravou em consequência dos efeitos exógenos decorrentes da perda generalizada de actividade económica observada na União Europeia e, em particular, na Zona Euro.
É aliás muito sintomático desta alegada falta de visão (e, digo alegada porque não é crível que esta gente não tenha uma compreensão exacta da dimensão do problema), a reacção do comissário europeu do pelouro a este tímido e tardio reconhecimento de V Gaspar ao declarar que o comportamento da economia portuguesa está a ser decepcionante e que é ainda muito cedo para considerar a possibilidade de prolongamento do período de ajustamento.
Não faço a mínima ideia até que ponto o ministro Vitos Gaspar estará disposto a empenhar todos os seus créditos numa rota que ele certamente já percebeu não vai conduzir a bom porto. Portugal, garantia insistentemente até agora Passos & Gaspar, não necessita nem de mais tempo nem de mais dinheiro. E de facto, não necessita. Do que Portugal precisa é de uma carga do custo da dívida suportável, isto é, compatível com o crescimento económico. Enquanto essa condição não se cumprir, e ela só pode ser cumprida com o reconhecimento de que o interesse final dos credores passa também por aí. Mais ano menos ano para o ajustamento pode ter um efeito paliativo mas não salva a situação.
É do mais elementar bom senso peceber que quando a porta não dá mais aperto é insano continuar a apertar o parafuso.
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