Saturday, August 04, 2012

UM CASO MUITO COMPLICADO

Segundo o El País de hoje, Rajoy empieza a asumir el nuevo rescate, o que significará que, se o pedido de novo resgate  vier a concretizar-se, o orgulho espanhol terá de submeter-se a um conjunto de acções que a troica prescrever segundo o receituário já conhecido, definido pelo FMI e pelos alemães.

Digo alemães, porque no ponto a que o confronto europeu chegou - quem duvida que há hoje um confronto latente entre os europeus do norte e do sul? - a opinião pública será decisiva no desenrolar dos acontecimentos nos próximos meses. E a opinião pública alemã, segundo as últimas sondagens conhecidas, está a mover-se no sentido da desintegração europeia, mesmo que Merkel e Schäuble repetidamente afirmem publicamente pretenderem o contrário quando dinheiros do sul se refugiam na compra de dívida alemã a taxas negativas e os países do sul pagam taxas de juro insuportáveis em contexto económico recessivo.

Quando Rajoy começou por rejeitar o apoio externo aos bancos espanhóis insolventes, argumentando que a Espanha não carecia de ajuda exterior, a basófia pareceu despropositada. Agora, quando a cena se repete porque, para além da insolvência do sistema financeiro, se revelou a falência de várias comunidades autónomas, a reacção de Rajoy precisa de ser reinterpretada.

Transcrevo do El País:

"Mientras, Rajoy sigue moviéndose para intentar que se apliquen los acuerdos de la última cumbre y así pueda intentar evitar pedir el rescate suave o al menos hacerlo en mejores condiciones, cuando entre en vigor el ESM. El presidente ha mandado una carta a Herman Van Rompuy, el presidente del Consejo Europeo, en la que exige que se pongan en marcha los mecanismos acordados en la última cumbre. En ella, Rajoy pide muy claramente a Europa que compre deuda de los países que cumplen y recortan, como España.

“En la cumbre se acordó que el instrumento más adecuado son las compras [de deuda] en los mercados. El anuncio reciente de la posibilidad de dotar al ESM [el nuevo fondo de rescate] de una ficha bancaria complementaria refuerza de forma muy eficaz esta idea”. Rajoy recuerda que los nuevos mecanismos no se han puesto en marcha cuando se esperaba, el 9 de julio. Por eso pide una urgente reunión del Eurogrupo para tomar esas decisiones.

Rajoy se mostró impaciente con Europa e indignado con una situación en la que Alemania se financia a tipos negativos y España lo hace al 7%. “Si hablamos de un proyecto político, de convivencia, no se pueden aceptar estas diferencias en una zona de moneda común. No sucede en ningún área monetaria del mundo, es imposible que pase”, lanzó con evidente molestia. Pero esas soluciones sobre la estructura del euro, si llegan, son a medio plazo. En la más perentoria, la de la petición de ayuda al fondo de rescate, el giro de ayer fue evidente y todo parece ya poco a poco encauzado hacia ese temido redil."

Há no comportamento do directório alemão (a França deixou de contar, Monsieur Hollande saiu de cena)
o intuito cada vez mais claro de ganhar tempo para safar os bancos germânicos. Às boas intenções das suas propostas seguem-se os condicionalismos conhecidos. Rajoy e Monti estão, deste modo, a ser confrontados com condições que dificilmente podem ou serão autorizados a aceitar. 

Quando os italianos votarem am Abril do próximo ano, dificilmente os partidos que se apresentarem às eleições com um programa de aceitação de condições que claramente não conseguirão cumprir, poderão vencê-las. Até lá, Monti, designado primeiro-ministro por uma coligação de partidos que não quererão chegar a Abril comprometidos, não tem margem de manobra para contrariar uma discussão política que tenderá a polarizar-se na culpabilização dos tedescos. Aliás, a saída de Itália da zona euro seria, segundo um estudo do Bank of America que registei neste caderno há duas semanas atrás, vantajosa para os italianos; pelo contrário, e ainda segundo esse mesmo estudo, a Alemanha seria perdedora se saísse, mas estas conclusões não as reconhecem, pelos vistos, os alemães.

Quanto a Espanha, porque não há uma Espanha mas várias Espanhas, a capacidade de Rajoy levar os espanhóis a abdicar e obedecer aos desígnios alemães, é muito limitada desde logo pela contestação das comunidades autonómicas às medidas de austeridade que o seu governo decida aceitar. Perante Rajoy levantam-se várias "Madeiras" e outros tantos "Albertos João", menos burlescos mas não menos duros de roer.

E têm outra saída?
Têm, se Merkel & Companhia se convencerem e convencerem os alemães que não basta dizer que pretendem salvar a zona euro mas levarem por diante as medidas que a podem salvar.  

No comments: