Depois da promessa de Draghi feita na semana passada de que o BCE estava pronto para, dentro das suas competências, fazer o que fosse necessário para preservar o euro, o comunicado de hoje, para além da decisão de manutenção da taxa de juro de financiamento em 0,75% e dos depósitos em 0%, desiludiu, sobretudo, pelo anúncio da restrição da compra de dívida pública aos Estados que peçam ajuda do fundo de resgate, provocando o disparo dos prémios de risco e o abalo das bolsas europeias, que atingiu Wall Street.
Monti, que ontem afirmava que a Itália terá em Abril um governo anti-euro se a Europa não combater a crise, numa conferência de imprensa conjunta com Rajoy, após o conhecimento das declarações de Draghi, afirmava não saber se a Itália vai pedir ajuda para baixar os juros.
A Zona Euro, e, por tabela, a União Europeia, encontra-se agora ainda mais ameaçada de ruptura pelas imposições do norte, comandadas a partir de Berlim, a que as dimensões de Itália e Espanha dificilmente se sujeitarão. Draghi não tem, neste contexto, margem de manobra. Se algumas dúvidas restassem, as declarações de hoje tornaram claro que o presidente do BCE não pode atrever-se a um desalinhamento com o presidente do Bundesbank. Draghi, como Rompoy e Barroso, é um actor secundário em cena decisiva.
As expectativas acerca do futuro do euro e da União Europeia que, até há bem pouco tempo, apareciam condicionadas pelo cumprimento dos gregos, saltaram para um patamar onde jogam dois pesos pesados que sabem que não podem esperar que Draghi vá além da chinela que lhe deram para calçar.
O que vai acontecer a partir daqui, ninguém sabe.
Mas sabe-se que se a Itália diz adeus ao euro, adeus União Europeia!
vd vídeo aqui
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