Friday, August 17, 2012

O DISCURSO DO OUTRO

É impressionante o número de professores portugueses de economia que ensinam no estrangeiro, sobretudo nos EUA. Um deles, professor em Princeton, prognosticou logo após o começo da crise nos EUA que ela seria extinta a curto prazo. Outro, que foi  primeiro ministro da Economia do anterior Governo, e que há dias publicou um artigo no Expresso/Economia sobre a sua experiência pedagógica na China, declarou o fim da crise em Portugal há seis anos, para dois anos depois garantir que tinha acabado o mundo da prosperidade. Ontem, o actual responsável pela pasta da Economia e Emprego, professor em Vancouver, informava o seu entrevistador num canal televisivo que começa sempre por alertar os seus alunos que "previsões macroeconómicas são sempre previsões macroeconómicas, isto é, falíveis".

Não foi, portanto, original o anúncio feito há dias no Pontal pelo actual primeiro ministro de que 2013 será o ano de estabilização da economia e de preparação da reparação económica para Portugal e não é estranho que o seu ministro da Economia se tenha  posteriormente, aparentemente, distanciado do optimismo do chefe do Governo. Nem original nem infalível, portanto, porque, sendo as previsões macroeconómicas intrinsecamente falíveis, como ressalvou o ministro, a perspectiva optimista é, em princípio, tão provável quanto a pessimista e tem a vantagem de aumentar a esperança dos geralmente distraídos.

À falta de originalidade, neste caso, do primeiro  ministro corresponderam as nada originais críticas do lado de quem, na ocasião, não é governo. Mas todos sabem que, para além das nossos específicos handicaps, existe uma envolvente geralmente deprimida que, inevitavelmente, condiciona a evolução do comportamento da economia portuguesa no próximo futuro.

A propósito, trancrevo um gráfico/barómetro publicado anteontem no Economist das expectativas de evolução global dos negócios resultante de um inquérito conjunto do Economist/FT junto de 1500 executivos de topo.    



Conclusão: Continuam geralmente sombrias as perspectivas dos homens de negócios em todo o mundo. Entre Abril e Julho deste ano caiu 5 pontos percentuais a diferença entre optimistas e pessimistas. Globalmente, 42% dos executivos reconhecem agora que a situação vai agravar-se, a maioria está convencida que os maiores problemas se situam na Europa, mais de 60% acredita que as condições económicas na zona euro se degradarão nos próximos seis meses. É mais optimista o outlook para os EUA mas as eleições de Novembro podem mudar estas perspectivas. A reeleição de Obama é geralmente considerada favorável para os negócios, ... excepto nos EUA, onde os homens de negócios preferem Romney (39,3%) a Obama (31,9%).
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Passos Coelho não leu o barómetro. Mas se tivesse lido, não teria alterado o discurso. Há sempre um discurso apropriado a cada ocasião independentemente do discurso dos outros.  

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