O tema do Economist desta semana - Tempted, Angela? A controlled break-up of the euro would be hugely risky and expensive. So is waiting for a solution to turn up - é tão assertivo como provocador.
Assertivo, porque o mais divulgado magazine do mundo, de análise e crítica económica e financeira, em repetidas edições tem defendido a zona euro e proposto soluções que, se tivessem sido tomadas em tempo oportuno, provavelmente a sustentabilidade da moeda única europeia não estaria hoje em causa. Um facto tanto mais notável por ser o Economist uma publicação de raiz e matriz anglo-saxónicas, destacando-se, do eurocepticismo táctico comum à generalidade dos súbditos britânicos. Por outro lado, nunca o Economist disfarçou o seu alinhamento económico liberal, mantendo-se sempre crítico relativamente à enormidade burocrática de Bruxelas.
Provocador, porque muito sucintamente resume, quantificando, as enormes interrogações que se colocam a Angela Merkel, numa altura em que já é tarde para tudo: para resgatar de vez a zona euro ou acabar, total ou mesmo parcialmente, com ela.
Inquestionavelmente, pelo menos para quem não esteja pessoalmente condicionado pela defesa de uma ou outra solução, Angela Merkel já perdeu a aposta em que acreditou (ou supomos que acreditou) de reequilibrar a zona euro recorrendo a políticas de natureza fiscal rebocadas por medidas de austeridade nos países surpreendidos pela súbita reacção dos investidores relativamente a algumas dívidas soberanas. Se alguns acreditaram que esse era o caminho possível e recomendável, desses, a maioria já terá mudado de ideias à medida que os factos vieram rebater os argumentos.
Também inquestionavelmente, a solução passará sempre por Berlim e, sobretudo, pela determinação que o Governo alemão colocar na defesa da sua proposta.
Poderá continuar a haver uma não proposta, isto é, poderá continuar a assistir-se à continuidade do adiamento à espera que as mesmas medidas produzam resultados diferentes? Pode. Mas esse será o caminho que conduz à desintegração não controlada da zona euro, ao caos, e sabe-se lá a que mais.
Subsiste ainda outra dúvida: É possível uma desintegração controlada? É possível. Mas, por agora, ninguém saberá o que isso significa.
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