Tuesday, December 13, 2011

NATAL : SORTE E FESTAS FELIZES

O Economist escolheu esta semana para tema do seu gráfico habitual as despesas com brindes de Natal (clicar para ampliar).


Há dois anos coloquei aqui uma nota (O preço do Natal), também na sequência de um artigo do Economist, que rematei com uma pergunta: Numa altura em que tanta gente (mas não tanta ainda) clama contra o crescimento imparável do endividamento externo como é que ninguém fala desta diarreia consumista que ameaça a economia portuguesa de inanição?

O ano passado, mais ou menos pela mesma altura, voltei a comentar aqui ,onde, diga-se de passagem, também voltei a referir-me à asneira sistemática de chamar subsídios aquilo que o não é.

Os alemães, os holandeses, entre outros, ao olharem para os nossos hábitos de consumo numa altura em que andamos de mão estendida, o que dirão eles para os seus botões?

Que muitos portugueses continuam a apostar na sorte grande?
Ontem, fui à loja do Jorge comprar uma pilha. Como habitualmente, esperei na fila, três fregueses à minha frente, mas com longas listas de encomendas. Para além do Correio da Manhã e da Bola, o Jorge factura sobretudo tabaco e sorte grande: totobola, totoloto, euromilhões, lotaria da santa casa da misericórdia, raspadinha, pé-de-meia, e outras hipóteses que não consegui reter. E, por esta altura do ano, a compra em grupo de  bilhetes inteiros da lotaria do Natal. Cada lista, um número, cada número cento e vinte e vinte apostadores, dez euros cada aposta.

O Jorge e a mulher não têm mãos a medir. Mas ele faz questão de apertar a mão a cada freguês que atende.
Por esta altura, acrescenta: Bom Natal, Sorte e Festas Felizes!  
Será por sso que não tem razão de queixa da crise? 

6 comments:

ATENTO said...

Quem somos nós para querermos fixar o que são padrões de consumo adequados ou não?
O problema é de existir quem consuma o que não produz.
A solução é apenas acabar com o crédito ao consumo.

rui fonseca said...

"A solução é apenas acabar com o crédito ao consumo."

Concordo, parcialmente, consigo.
E digo, parcialmente, porque o consumo não é função apenas do crédito obtido mas também (espera-se que sobretudo) dos rendimentos auferidos.

Assim sendo, os rendimentos podem dirigir-se ao consumo, ao investimento e à poupança.

E, por isso mesmo, nós não temos o direito de fixar os padrões de consumo dos outros. Mas temos o direito de dizer, e foi o que fiz, dizer que por aí, por esse consumo excessivo, não vamos bem.

E a prova está no estado a que, colectivamente, chegámos.

Já agora, transcrevo o artigo do Economist e a explicação dada para o comportamento dos holandeses, por exemplo.

The embarrassment of riches
Dec 12th 2011, 16:19 by The Economist online

Which nation is the most generous giver of Christmas presents?

WHEN it became an independent nation in the seventeenth century, the Netherlands pioneered what today would be called austerity chic: think of the plain interiors painted by Vermeer or ruddy-faced merchants in their black smocks by Frans Hals. Today's chart, which shows a correlation between Christmas spending (culled from various sources) and wealth (in purchasing-power parity terms), suggests that the disapproval of those Amsterdam merchants still has some sway over their descendants. Lightly-taxed Luxemborgers, by contrast, are exceedingly generous outliers. Footloose readers would be well advised to head there for December 25th.

ATENTO said...

"Os rendimentos podem dirigir-se ao consumo, ao investimento e á poupança"
É verdade, mas aplica-se quer a consumidores quer a empresas , portanto compete legislar para promover o encaminhamento julgado mais adequado.
Quanto á transcrição do Economist é dispensável porque não passa de uma interpretação tão válida como qualquer outra que eu possa fazer e não tenho por habito olhar com reverencia para qualquer análise simplista só porque escrita em inglês.

rui fonseca said...

"não tenho por habito olhar com reverencia para qualquer análise simplista só porque escrita em inglês."

E faz o Atento muito bem.
Contudo, se os holandeses são mais precavidos nos seus gastos alguma razão deve haver, não lhe parece?

E não será porque alguma legislação a isso os conduz. Penso eu.

ATENTO said...

Se me permite olho para o quadro e prefiro os suiços.

ATENTO said...

Se me permite olho para o quadro e prefiro os suiços.