Declarações da senhora directora do DCIAP : Escutas a magistrados defendem melhor o segredo de justiça
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Ela disse isto?
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Li o resumo da notícia no JNonline (aonde estou não chega o JN impresso) e fiquei pasmado. Sou um daqueles portugueses que ainda pasmam com algumas notícias que fazem de Portugal um País diferente. E admito que seja também para pagar algumas originalidades que pagamos alguns impostos.
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Segundo depreende o cidadão comum, que eu sou, as escutas fazem bem à justiça. A tal ponto que não as podem dispensar. Mas também fazem bem a outras coisas: por exemplo, aos media e, por tabela, aos profissionais dos media. Porque, como toda a gente sabe, os clientes dos media lambem-se com as escutas. De modo que da gulodice da malta por escutas até ao rendimento que as gulodices costumam dar vai um passo pequeno: a quebra do segredo de justiça. Sem quebrar o segredo, as escutas seriam o mel esquecido no cortiço. O problema, segundo parece, é que, como qualquer gulodice, a quebra do segredo de justiça faz mal à justiça.
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Ora se:
- as escutas fazem bem à justiça,
- mas a quebra do segredo de justiça faz mal à justiça, daí o estado calamitoso em que a justiça se encontra,
- porque as escutas só fazem bem à justiça se não forem do conhecimento do cidadão comum;
- se a senhora PGA está convencida que o segredo de justiça só será bem guardado se as escutas forem alargadas aos magistrados, porque os magistrados podem quebrar o segredo de justiça;
- Mas se os magistrados não estão acima da lei, a senhora PGA colocou-os acima da justiça ao não ter ordenado até agora que os seus pares suspeitos fossem escutados,
- tornando-se, pelo menos, objectivamente conivente com aqueles seus pares que supostamente quebraram o segredo de justiça.
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Segundo depreende o cidadão comum, que eu sou, as escutas fazem bem à justiça. A tal ponto que não as podem dispensar. Mas também fazem bem a outras coisas: por exemplo, aos media e, por tabela, aos profissionais dos media. Porque, como toda a gente sabe, os clientes dos media lambem-se com as escutas. De modo que da gulodice da malta por escutas até ao rendimento que as gulodices costumam dar vai um passo pequeno: a quebra do segredo de justiça. Sem quebrar o segredo, as escutas seriam o mel esquecido no cortiço. O problema, segundo parece, é que, como qualquer gulodice, a quebra do segredo de justiça faz mal à justiça.
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Ora se:
- as escutas fazem bem à justiça,
- mas a quebra do segredo de justiça faz mal à justiça, daí o estado calamitoso em que a justiça se encontra,
- porque as escutas só fazem bem à justiça se não forem do conhecimento do cidadão comum;
- se a senhora PGA está convencida que o segredo de justiça só será bem guardado se as escutas forem alargadas aos magistrados, porque os magistrados podem quebrar o segredo de justiça;
- Mas se os magistrados não estão acima da lei, a senhora PGA colocou-os acima da justiça ao não ter ordenado até agora que os seus pares suspeitos fossem escutados,
- tornando-se, pelo menos, objectivamente conivente com aqueles seus pares que supostamente quebraram o segredo de justiça.
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É assim ou tudo isto não passa de uma paródia?
6 comments:
E se o disse está muito bem dito. Sou visceralmente contra escutas. Todo o escuta é um bufo. No 'antigamente' podia estar na mesa do café mesmo ao nosso lado. Mas se tiver que havê-las, que estejam sempre sob escuta os magistrados, pois assim será um meio de as neutralizar. Os casos que decorrem (Freeport,Presidência,Face oculta) são, como foi o Casa Pia, uma completa e descarada vergonha para a nossa justiça.
Caro Francisco,
Depois de ter lido o teu comentário entendi colocar à consideração da tua formação filosófica um pequeno e ingénuo exercício de lógica, e escrevi uma paródia sobre o assunto.
Fico na expectativa da tua correcção.
Caro Rui, o que escolheste, e bem, para frontispício do teu «Aliás» -“não há questões filosóficas, há questões de linguagem” – permite-me discordar dos teus silogismos. Primeiro: há que definir o que é ‘cidão comum’. Eu tenho-me por tal e não me considero incluído na classe ‘as escutas fazem bem à justiça’. Porque,segundo: ao dizeres ‘as escutas’ estás a pressupor ‘todas as escutas’, no que, obviamente, discordo. Talvez assim: ‘algumas escutas fazem bem a alguma justiça’. O problema aqui seria saber quais e a qual, e essa é que é a base da minha rejeição das escutas.
Agora quanto à incongruência da Srª PGA estamos de acordo: se acha que as devia fazer que as faça. Só que defender um ponto de vista não significa capacidade para o implementar. Poderá ela, 'ad libitum', proceder às escutas que bem entender? E como a minha tese é radical - escutas, mesmo atrás da porta, proibidas - não há problema em que sugira que todos os magistrados estejam sempre sob escuta, porque nenhum estaria.
Caro Francisco,
Obrigado pelo teu comentário mas, se me permites, gostaria de defender a honra do meu pretenso silogismo.
Eu não afirmei, creio eu, que o homem comum está convencido que as escutas fazem bem à justiça. Não afirmei tal nem estou convencido de tal. Mas também não afirmei o contrário nem estou convencido do contrário. Quem afirmou isso foi a senhora coordenadora do DCIAP. O homem comum limita-se a ouvir.
Aliás, a coordenadora do DCIAP apenas pretende estender as escutas também aos seus pares porque escutas há, ao que parece, por aí por todo o lado.
Por quê excluir os magistrados? Se ela, directora do DCIAP, entende que também eles são suspeitos de quebrarem o segredo de justiça? Há outra interpretação possível para as suas palvras?
Há ainda uma questão que me baralha e que ainda não vi abordada por ninguém: Por que é que esta polémica das escutas tem uma projecção tão grande em Portugal? Sabes?
"Se ela, directora do DCIAP, entende que também eles são suspeitos de quebrarem o segredo de justiça? Há outra interpretação possível para as suas palavras?"
Há pois.
Há a certeza que trabalhando sózinha, pode fazer o que quiser com provas e factos, sem mostrar a ninguém o que faz. Como trabalha sózinha não fala com ninguém, muito menos telefona.Daí não ter problemas com escutas, por segredos é com ela.
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