- E se, nesse caso, toda a gente quisesse um Lamborghini? E fumar um "habano"? Ou, mais prosaicamente, comer pescada? Haverá pescada para todos?
- Mudam-se os tempos, mudam-se os hábitos. Um dia, os Lamborghini estarão obsoletos e esquecidos. Só há evolução se houver sobrevivência, só há sobrevivência se houver adaptação. A máquina continuará a substituir muito trabalho do homem mas não repõe os recursos naturais destruidos sem recuperação.
- Na sociedade futura, quando a humanidade dispuser de energia como dispõe do ar e a máquina substituir o homem, a abundância acabará com a fome dos pobres, a inveja dos remedidados e a ganância dos ricos?
- Se o homem, entretanto, não destruir a humanidade, certamente.
- Então é uma Utopia?
- É um aviso. Sabemos hoje que o homem pode destruir a humanidade de forma instantânea, utilizando a energia nuclear, ou de forma lenta, destruindo ou exaurindo os recursos naturais. O caminho para o Jardim das Delícias tem muitas armadilhas.
- E qual será o papel do Estado na orientação do caminho?
- Aquele que o homem, livremente, quiser. O Governo do Estado, mesmo enquanto emanação da vontade da maioria, não pode ignorar as minorias discordantes sob pena de, mais tarde ou mais cedo, entrar por um beco sem saída. Enquanto resultado de um putch reaccionário ou revolucionário, o Governo terá sempre os dias contados.
- E não há alternativas para a Democracia?
- Haver, há. Mas estão no caminho da destruição da humanidade.
2 comments:
Gostaria de saber qual o A. da
entrevista,dado o seu interesse.A futurologia já teve melhores dias, mas mesmo quando ainda assume a forma de utopia é sempre interessante e útil."Quando a humanidade dispuser de energia como dispõe do ar e a máquina substituir o homem...".No actual sistema de governação mundial, se fosse possível, alguns(poucos) apropriar-se-iam do ar para fazer com ele bons negócios.
Meu caro Francisco,
A hipótese não passa disso. Mas não há, a experiência ensina, esgotamento, bem longe disso, de surpresas no campo das ciências da natureza.
É certo que o ar que respiramos se encontra cada vez mais poluído. Mas eu acredito que o instinto de sobrevivência do homem o levará a arrepiar caminho.
O mesmo instinto o levará, também acredito, a descobrir fontes de energia renováveis que substituam totalmente as actualmente produzidas a partir de combustíveis fósseis. A preço nulo, quer dizer a partir de energia sem preço. A do Sol, por exemplo.
Daqui a alguns anos. Muitos? Poucos? A actual civilização do automóvel com motor de combustão ocupará, um dia, na história da humanidade uma página, se tanto.
Se a humanidade não se suicidar, entretanto.
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