Andamos pelo Norte. Chegámos ontem à tarde a Guimarães par mostrar o berço da nacionalidade aos mais novos. Há obras no Largo Morais Sarmento no Paço dos Duques de Bragança integradas num plano de renovação da cidade que será capital europeia da cultura em 2012. Este ano celebram-se 900 anos do nascimento de Afonso Henriques.
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É no meio deste ambiente de portugalidade que leio no "El País" : "El 40% de los portugueses apoya una unión política con España" . Não é uma novidade, ainda não há muito tempo uma outra sondagem publicada em Portugal apontava para resultados semelhantes, e é frequente ouvir-se que teria sido melhor que tanto Afonso Henriques como os conjurados de 1640 se tivessem dedicado a jogar às damas em vez de conspirarem.
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Porque é que isto acontece?
Indiscutivelmente, porque os portugueses andam zangados com eles próprios. Tendo perdido passada relativamente aos vizinhos, concluem apressadamente que se pertencessem ao mesmo pelotão estariam mais à frente. Esquecem-se, por exemplo, que os andaluzes não têm o nível médio de vida dos catalães, nem Vigo o mesmo de Madrid. Por outro lado, inseridos na União Europeia, caminhamos para uma integração que, depois de ser económica, será social e finalmente política, se a roda não inverter de sentido. Daqui a duas ou três gerações, é fácil adivinhar que o espanhol será a segunda língua falada em Portugal.
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E a cultura portuguesa, para além da qual não existirá Portugal, onde a trave mestra continuará a ser a língua, só subsistirá se aos portugueses restar a portugalidade suficiente para afirmarem as suas diferenças no contexto ibérico. É essa portugalidade que, cada vez mais, se sente esboroar-se por um desânimo de que só os portugueses são responsáveis porque só nós somos culpados da indignidade de algumas instituições que nos envergonham. A Justiça é a maior responsável por essa indignidade e pelo nosso descontentamento.
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É no meio deste ambiente de portugalidade que leio no "El País" : "El 40% de los portugueses apoya una unión política con España" . Não é uma novidade, ainda não há muito tempo uma outra sondagem publicada em Portugal apontava para resultados semelhantes, e é frequente ouvir-se que teria sido melhor que tanto Afonso Henriques como os conjurados de 1640 se tivessem dedicado a jogar às damas em vez de conspirarem.
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Porque é que isto acontece?
Indiscutivelmente, porque os portugueses andam zangados com eles próprios. Tendo perdido passada relativamente aos vizinhos, concluem apressadamente que se pertencessem ao mesmo pelotão estariam mais à frente. Esquecem-se, por exemplo, que os andaluzes não têm o nível médio de vida dos catalães, nem Vigo o mesmo de Madrid. Por outro lado, inseridos na União Europeia, caminhamos para uma integração que, depois de ser económica, será social e finalmente política, se a roda não inverter de sentido. Daqui a duas ou três gerações, é fácil adivinhar que o espanhol será a segunda língua falada em Portugal.
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E a cultura portuguesa, para além da qual não existirá Portugal, onde a trave mestra continuará a ser a língua, só subsistirá se aos portugueses restar a portugalidade suficiente para afirmarem as suas diferenças no contexto ibérico. É essa portugalidade que, cada vez mais, se sente esboroar-se por um desânimo de que só os portugueses são responsáveis porque só nós somos culpados da indignidade de algumas instituições que nos envergonham. A Justiça é a maior responsável por essa indignidade e pelo nosso descontentamento.
2 comments:
Acordo total com o "post". A questão ibérica emerge historicamente de tempos a tempos.
Mais recentemente o paladino da união tem sido o "El País".Para além do que, na minha geração,nos ensinaram na Escola das nossas relações históricas com os nossos vizinhos,é útil racionalizarmos a questão.Pode o "El País" empertigar-se com os resultados da sondagem (não sei se os publicaria se menos favoráveis)mas a verdade é que ainda restam 60% dos portugueses que teriam uma palavra a dizer. Aliás ponho reservas à aplicação das leis da maioria em questão tão sensível.Caso 51% dos
portugueses fossem a favor da pena de morte esta deveria ser aplicada? Depois há a questão liminar do regime: Monarquia ou República? E se se caminhar para uma Europa das Nações que sentido faz unir o que está desunido há quase um milénio? E como reagiriam as regiões que em Espanha lutam (algumas ferozmente) pela independência? Quer-me parecer que, afinal, a classe mais interessada na união é a do capital ("et pour cause"!)mais alguns intelectuais que, no fundo,
se envergonham de ser portugueses.
Evocas, e muito bem, a cultura como factor essencial de identidade e independência nacional.E cultura não é só livros, é sentenças sentidas do povo. Como apagar da memória colectiva o ditado "de Espanha nem bom vento nem bom casamento"? Para mim a conhecida frase de Lucáks
"não há filosofias inocentes" assenta como luva a estas notícias:
algo se pretende com elas. É o que se chama "gato escondido com rabo de fora".Tenho andado muito por terras de Espanha, admiro o seu passado, a sua cultura (motiva-me bem mais o Unamuno do que o Ortega y Gasset), e as suas gentes e tenho sérias dúvidas de que desejem a união.
Caro Francisco!
Cá ando outra vez pelos teus sítios. Como vez, gostamos disto.
Obrigado pelo teu pertinente, como sempre, comentário.
Volt sempre!
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