Saturday, December 14, 2013

SÃO OS MAIORES

Há bastante tempo que não passava pela José Fontana.

- Que é isto?
- É o novo edifício da Polícia Judiciária.

Olhei-o de relance, e recordei uma jornada alegre que ocorreu naquele espaço, então ocupado pela Escola Superior de Medicina Veterinária, durante uma prova pública de um concurso entre três candidatos à cátedra de Matemáticas, transferida para ali da sala da biblioteca do ISCEF, ao Quelhas, onde tinha decorrido o início das provas no meio de um alarido incontrolado da assistência estudantil. 

Na ESMV o número de espectadores das provas foi limitado à capacidade de uma galeria que existia no salão nobre, no lado oposto ao palco onde decorriam as provas. Iniciadas estas no espaço emprestado, retomou-se o espectáculo de apoios e protestos. Fomos expulsos pela polícia. Mas foi uma experiência original, o que não significa recomendável, em tempos de ditadura: os candidatos apoiados ou vaiados consoante as simpatias que grangeavam junto dos estudantes. Foram os três candidatos aprovados e, logicamente, um deles, que não era o que merecia os aplausos da generalidade dos estudantes, escolhido por mérito relativo. A mim, pareceu-me bem ponderada a decisão do júri.

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Hoje, leio no Expresso/Economia que o novo edifício-sede da Judiciária é o maior de 2103.

Tem o tamanho de dez campos de futebol, possui um heliporto no topo de uma torre com 12 andares, com capacidade para aterragem dos helicópteros da Marinha, um Laboratório de Policia Científica com cinco vezes a área do actual, sala adaptável a bunker em caso de atentado terrorista e carreira de tiro subterrânea, 80 mil metros quadrados de área construida, 40 mil dos quais abaixo do solo, sendo 20 mil dedicados a estacionamento. Comparado com este complexo o edifício do FBI, em Washington, em termos volumétricos de cimento, parece-me um pigmeu.

Custa 87,1 milhões de euros, pagos essencialmente com verbas do OE.

Julgo ter lido, há pouco tempo atrás, que a Polícia Judiciária está com problemas de operacionalidade por insuficiência de fundos, além do mais, para aquisição de combustível para as viaturas. Ali mesmo ao lado, as instalações da Escola Secundária Camões carecem de significativas obras de manutenção urgentes.

Mas nada disto é novo nem obra nova.

1 comment:

Unknown said...

De certeza que não querem mandar vir uns gestores de países que se sabem governar e deixar os nossos jotinhas fazerem uns tirocinios lá fora?