...
Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.
Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.
Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.
...
António Gedeão, cit. aqui
Gedeão voa rente à realidade.
Reli o poema - Dia de Natal - depois de ter acabado de ouvir a notícia de um caso passado esta manhã, que vem relatado aqui. Resumidamente,
Um homem de cinquenta anos, vestido de Pai Natal, preparava-se para
fazer o que faz há alguns anos: distribuir brinquedos a 800 crianças
pobres. Quando respondia à saudação de crianças que o aguardavam "Merry
..." não teve tempo para "Christmas" por ter sido atingido por um tiro que
o feriu, felizmente sem grande gravidade. Prometeu voltar para o ano. É suposto que o tiro tenha sido disparado por um jovem. Afinal, um estalido entre o tiroteio pesado constante e global que nenhum Natal é capaz de interromper.
Tal como a mensagem de Cristo, o poema de Gedeão é pouco conhecido, e muito menos sentido.
2 comments:
Tens toda a razão, caro Rui.
Abraço e um excelente Ano Novo
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