Friday, August 03, 2012

DINHEIROS PÚBLICOS, VIRTUDES PRIVADAS

Causam-me sempre engulhos as placas com que os políticos de meia tigela deste país costumam querer eternizar-se em letras gravadas a ouro sobre mármores ou granitos por obras que os constribuintes pagaram, muitas delas sem préstimo nem jeito. Politico deixa obra para ganhar votos à custa dos impostos e taxas além do crédito bancário que um dia terá de ser pago sempre pelos mesmos. Deixar obra significa, normalmente, contratar obra de cimento armado, que é a obra mais fácil e visível que pode ser feita.

Mas há quem, apesar da preponderância do cimento,  obre doutra maneira.

Com "magalhães", por exemplo.
Soube-se anteontem que "das fundações analisadas no relatório exigido pela troica, a FCM (Fundação para as Comunicações Móveis) que geria o programa de dos portáteis "Magalhães", foi a que recebeu mais apoios de 2008 na 2010: 454,4 milhões de euros, quase metade dos apoios totais concedidos a fundações naquele período". Dito de outro modo, o senhor José Sócrates distribuiu "Magalhães", colheu momentâneamente os louros, e mandou-nos a conta a casa.

Já o senhor Mário Soares, patrono doutra fundação que leva o seu nome, contemplou, segundo o mesmo relatório contemplou mais de 31 mil beneficiários entre 2008 e 2010, e recebeu dos contribuintes para a contemplação feita 1272 mil euros no mesmo período. A esposa é também presidente da Dignitate – Fundação de Direitos Humanos e da Fundação Aristides de Sousa Mendes, também, naturalmente, subsidiadas pelos contribuintes.

A Fundação da Casa de Bragança, criada em 1933 e cujo conselho administrativo é presidido por Marcelo Rebelo de Sousa, recebeu entre 2008 e 2010 apoios financeiros públicos que ultrapassaram os 62 mil euros.

As fundações do Inatel e Casa da Música também estão entre as que receberam mais dinheiro dos contribuintes: quase 40 milhões de euros, cada uma, entre 2008 e 2010.

Na curta lista de fundações que receberam mais de 10 milhões de euros durante esses três anos estão também o Centro Cultural de Belém (CCB), a Colecção Berardo, Serralves, Culturgest ou a Gulbenkian.

Até a Gulbenkian! Imaginem!
Um espanto,  não pelo merecimento, que é máximo,  mas pelo inesperado, que é total.

Valha-nos santa troica.

1 comment:

fundação excepcional said...

Esta transparência é muito bem vinda e deve ser repetida.

Quem gasta o dinheiro dos contribuintes deve ter que, no mínimo, prestar contas

Nada de excepções