Começaram hoje no Porto as celebrações do centenário da República. Inevitavelmente, com discursos. Discursos apeladores mas pouco apelativos.
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Apelou o Presidente da República para novo espírito de cidadania. Quem ouve isto, o que é que percebe do apelo? E quem percebe o que é que deve fazer a seguir? Esquece.
Um apelo destes não é como uma vacina, que se toma e, geralmente, resulta. Um apelo destes é melhoral, não faz bem nem mal. O espírito de cidadania não se emborca de uma assentada, como o chá tem de beber-se desde pequenino.
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E, como quando apela um português ... , na oportunidade, apelou também o Primeiro Ministro: à união nacional (em minúculas) pelo respeito dos valores da República. Não especificou quais, mas esperemos que não sejam aqueles que conduziram à desunião e à ditadura. Mais apelo menos apelo, não é assim que se desfaz o novelo que nos embaraça.
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Quinta-Feira próxima vão estar juntos os apelantes. Esperemos que sejam ouvidos pelos restantes conselheiros e que percebam eles próprios o sentido daquilo que hoje apelaram.
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Escrevo isto e recordo-me das guaritas de que falei aqui , ontem. Já não sobem para elas os sentinelas. Se subissem, gritaria um: Sentinela, alerta! E responderia o outro: Alerta está!
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Ninguém os levaria a sério mas poderia ser uma boa atracção turística. Bem precisamos disso, quando, precisando de exportar, como dizia o outro, não temos mais nada para exportar para fora.
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Sócrates apela à união nacional pelo respeito dos valores da República
2 comments:
Sou republicano por opção ideológica, que não por via láctea.Salazar, que tanto seria ditador em regime monárquico como o foi em regime republicano, chegou a dizer que a questão do regime não se punha. No que concordo. A República corresponde a uma evolução ideológica que se justificou no tempo da implantação e que hoje tem garantia de validade. A Monarquia é uma saudade não uma aspiração. Hoje devidiria mais do que uniria os portugueses.Espanha? Uma questão circunstancial (Franco).A República não foi sufragada, e a Monarquia? É por isso que também não colhem argumentos como o dos custos do regime que, 'mutatis mutandis',se equivalem.Para mim o regime monárquico não só ofende como liquida o princípio não natural mas cultural da igualdade à nascença.Num frente-a-frente ridículo na SIC de ontem um da causa monárquica (Gonçalo Câmara Pereira)argumentava 'se o rei não presta,liquida-se'.Linda solução ("aliás" já em tempos admitida pela ICAR).Faço votos para que as comemorações centenárias não conduzam a extremar posições maniqueistas mas produzam estudos serenos sobre o que de bom e de mau aconteceu nos nossos últimos 100 anos.
Caro Francisco,
Subscrevo e transcrevo.
Abç.
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