"na opinião (dele), a probabilidade de uma bancarrota na Grécia é entre 1 e 2%. Mas, se a Grécia cai, (pensa) também que com 50% de hipóteses Portugal vai ver-se sujeito a enorme pressão dos mercados e pode também cair. Por isso, ( ) a probabilidade de bancarrota Portuguesa está algures abaixo dos 0,5%-1%. (Acha) que é uma probabilidade pequena, pelo que (está) muito distante de muitos colegas que falam de uma catástrofe iminente. Mas também (acha) que as consequências são tão assustadoras, que ignorar esta possibilidade é irresponsável".
Há um ano atrás, coloquei aqui um link para um artigo do Washington Post onde a probabilidade de bancarrota dos EUA era estimada em 6% nos próximos dez anos. Algum tempo após deflagrar a crise, Ricardo Reis, contrariando Nouriel Roubini, por exemplo, prognosticava uma recuperação rápida da economia norte-americana
Se os cálculos de Ricardo Reis e do Washington Post fossem razoavelmente fiáveis teríamos de concluir que os EUA se encontram muito mais próximos da bancarrota durante esta década que Portugal, mesmo que a Grécia caia. Ninguém duvida, contudo, que a bancarrota dos EUA seria um terramoto de magnitude com consequências globais devastadoras.
Por quê, então, valorizar a probabilidade de um tremor de terra e esquecer a hipótese mais provável de um terramoto?
Só tenho uma explicação: alguém errou as contas. Mas a ameaça que paira sobre Portugal, de qualquer modo, persiste.
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comentário de Ricardo Reis, aqui
Nao ha contradicao entre os dois numeros: as limitacoes do meu vocabulario tecnico em portugues explicam a confusao.Tenho de explicar em ingles porque nao sei os termos em portugues: I describe the *hazard rate*, or arrival rate of a bankrupcy, whereas the Washington Post article talks about the probability of a bankrupcy in a *10-year period*. Sao probabilidades diferentes. Pode consultar, por exemplo, um manual de estatistica sobre a distribuicao Poisson para ver a relacao entre estas duas probabilidades.
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