Friday, January 08, 2010

INEVITÁVEL

O PSD dispôs-se a negociar com o PS a sua abstenção (que permitirá a aprovação) na votação do OE. Não tinha alternativa. Na situação actual, sem líder nem programa alternativo, o PSD não poderia arriscar o chumbo do OE, a demissão do Governo e a convocação de eleições antecipadas. Fez o que podia: mostrar que ainda mexe embora não saiba como.
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Desta negociação, contudo, não vai sair o OE que a situação do país impunha: os grandes investimentos, a que o PSD pelo menos parcialmente se opunha já foram aprovados pelo Governo, não haverá propostas do PSD de cortes na despesa que possam desgastar ainda mais a sua imagem junto dos que seriam atingidos, não haverá compromissos conjuntos de médio prazo porque ambos, PS e PSD, o mais que pretendem é ver este OE aprovado.
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Aprovado o OE, a economia continuará em estado letárgico, o desemprego subirá, o défice e a dívida pública continuarão incontrolados. O PSD dirá que tudo isso se deve ao facto de as políticas do Governo não serem as adequadas, o CDS acusará o Governo e o PSD de terem aprovado um OE irresponsável, o BE dirá que o desastre continua em consequência das políticas de direita deste Governo, o PCP dirá mais ou menos a mesma coisa por outras palavras, ou mesmo as mesmas. O PR chamará a atenção dos portugueses para a situação crítica em que o país se encontra e que explodirá mais dia menos dia. O PM continuará a garantir que a despesa está controlada e as dificuldades são importadas.
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Cada qual em seu canto e nas suas tamanquinhas.

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