Para além da óbvia intenção de querer reforçar a razão do seu veto à proposta do governo de querer retirar aos emigrantes portugueses a possibilidade do voto por correspondência, o PR fez hoje uma intervenção em que realçou a necessidade imperiosa de a política económica dever dirigir-se para o apoio às actividades produtoras de bens e serviços transaccionáveis e a dinamização das exportações como condição sine qua non para a redução dos efeitos negativos da crise.
Tenho referido isso mesmo aqui no Aliás e em comentários em outros blog. Por exemplo, aqui. A ideia nada tem de inovadora nem é polémica. Pode é não ser considerada a mais eficaz numa conjuntura caracterizada pela retracção do consumo nos mercados nossos principais clientes. Já a referência que os emigrantes poderão desempenhar na dinamização das exportações portuguesas, para além do objectivo político que ponderei no início deste post, parece-me mais um wishful thinking do que uma ideia que possa mobilizar para resultados significativos. Sobretudo quando se precisa de acções que proporcionem resultados rápidos.
Tenho defendido, e continuo a defender, que não há uma alavanca capaz de mudar a economia portuguesa, sobretudo quando a envolvente externa nunca foi tão desfavorável desde há muitas décadas. Como referi em comentário aqui, a crise impõe a adopção de várias alavancas em simultâneo, que actuem no sentido da redução das importações e do aumento das exportações.
Os números referidos no post Verão tórrido sugerem algumas medidas que podem e deveriam ser adoptadas, para além daquelas a que o PR hoje referiu, de modo a evitar os cenários descritos como inevitáveis aqui .
(continua)
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"A exportação de bens e serviços por parte de Portugal é praticamente a única via que nós dispomos para conseguir combater o crescimento explosivo da dívida externa e, ao mesmo tempo, defender o emprego dos trabalhadores portugueses", defendeu Cavaco Silva, considerando a dinamização do sector exportador como a "chave da solução". A razão está no desequilíbrio das nossas contas externas e na dificuldade em conseguir o respectivo financiamento", sublinhou Cavaco Silva, no final de uma visita à XIV Edição do Salão Internacional do Vinho, Pescado e Agro-Alimentar, que foi hoje inaugurado no pavilhão Atlântico, em Lisboa. Por isso, acrescentou, a maioria dos economistas reconhece que a "chave da solução" está na dinamização dos sectores exportadores e não na produção e bens e serviços que não são comercializados no exterior. Cavaco Silva enfatizou ainda o papel que pode ser desempenhado pelos emigrantes na resolução dos problemas portugueses, nomeadamente no contributo que podem dar para facilitar a entrada dos produtos nacionais no estrangeiro.Contudo, continuou, é também importante ter presente que "quanto menores forem as remessas de emigrantes para Portugal, e quanto menor for o seu investimento no país, menos crédito terão os bancos para conceder às empresas". "Há uma relação hoje clara entre o contributo que os emigrantes podem dar para o nosso país e as dificuldades que nós enfrentamos", defendeu.Por isso, insistiu o Presidente da República, sem o sector exportador português "não temos a mínima hipótese, nem este ano, nem no próximo ano, de voltarmo-nos a aproximar do nível de desenvolvimento dos países da União Europeia".Questionado se a políticas desenvolvidas ao longo dos últimos anos têm favorecido o crescimento das exportações portuguesas para o estrangeiro, o chefe de Estado escusou-se a falar de "políticas concretas", mas reiterou a necessidade de reforçar "cada vez mais" os laços entre os emigrantes e Portugal. "Só assim haverá negócios em língua portuguesa", disse, voltando a defender que sem a ligação entre os emigrantes portugueses e o seu país, "teremos alguma dificuldade de enfrentar o futuro".
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