A discussão entre o que diz o senhor Dias Loureiro ter dito ao senhor Marta e o que diz o senhor Marta ter ouvido dizer ao senhor Dias Loureiro é tão interminável como uma discussão acerca do que possa ter sido dito numa conversa de alcova entre dois parceiros: nunca saberemos o que eles disseram, realmente, um ao outro. Eu posso pensar que o senhor Dias Loureiro está a mentir com quantos dentes tem na boca mas não tenho nenhuma possibilidade de demonstrar objectivamente a razão da minha convicção.
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Evidentemente, também eu penso que o senhor Dias Loureiro tinha alguma coisa relevante a transmitir ao senhor Marta acerca do modo, e das suas preocupações, como o BPN estava a ser gerido deveria ter dado essa informação ao senhor Marta de modo formal. Mas também penso que o senhor Marta, na sua qualidade de responsável directo pela supervisão bancária deveria ter sido mais diligente na averiguação da situação de um banco que há muito tempo era suspeito de práticas ilícitas e claramente praticava condições de remuneração de depósitos que só podiam ser conseguidas com contrapartidas em aplicações de risco elevado. Fazia batota, segundo a expressão do senhor Fernando Ulrich, que deve saber do que fala.
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Portanto, objectivamente, a discussão entre o que disse ou não disse um ao outro é completamente inútil de um ponto de vista de obtenção da verdade dos factos.
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Já não é inútil, contudo, relevar o que diz que disse publicamente o senhor Dias Loureiro acerca das irregularidades no estilo de gestão do senhor Oliveira e Costa, motivo das preocupações que o apoquentavam e ele, segundo ele mesmo, quis alijar nas costas do senhor Marta.
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Chegado a este ponto a questão que objectivamente se coloca é esta: porque espera o Banco de Portugal por responsabilizar o senhor Dias Loureiro por não ter feito o que devia, na sua qualidade de administrador da sociedade que era sócia maioritária do BPN, no sentido de esclarecer formalmente o supervisor das irregularidades de que, confessadamente, tinha conhecimento?
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A que obediência está o governador do Banco de Portugal amarrado para continuar a deixar pairar sobre si a suspeita da incompetência na acção ou de conivência com interesses encobertos?
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