Sunday, February 08, 2009

UM VERÃO TÓRRIDO

A crise é global, dizem. Mas será mais global para uns que para outros, como diria o outro.
Portugal vai enfrentar esta crise em situação de extrema vulnerabilidade nas suas contas com o exterior.
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Os números são conhecidos mas não suficientemente divulgados. Os custos de ultrapassagem da crise poderiam ser minorados se algumas medidas fossem tomadas no sentido de reduzir a nossa dependência externa.
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Um artigo publicado no Público de quarta-feira passada dava conta dos números mais significativos da nossa vulnerabilidade face à crise:
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Dívida total - 150 mil milhões de euros
Défice externo durante os primeiros 10 meses do ano - 13.931 milhões de euros, em consequência de saldos negativos nas transacções de combustíveis e petróleo (-6935 milhões de euros) electrodomésticos, máquinas industriais, etc (-3447 M€) juros de empréstimos (-2937 M€) bebidas e alimentos (-2916 M€) rendimentos de investimentos em bolsa (-2218 M€) metais (-1966M€) automóveis (-1890 M€) rendimento de investimento directo em empresas (-1557 M€) medicamentos (-1286 M€) peixe (-714 M€) carnes (-615 M€) plásticos e borracha (-582 M€) frutas (-269 M€) brinquedos (-244 M€) leite, ovos e mel (-212 M€) plantas hortícolas (-81 M€) rendimentos de trabalho (-66 M€),
e de saldos positivos nas transacções de turismo (4070 M€) transferências UE/Portugal (2209 M €) remessa emigrantes /imigrantes (1638 M€) serviços de transportes (1131 M€) madeira, cortiça e papel ( 1062 M€) outros bens (787 M€) outros serviços (786 M€) calçado (731 M€) vestuário e tecidos (687 M€) produtos químicos (366 M€) outras transferências (302 M€) tabaco manufacturado (261 M€).
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Tudo somado os items negativos totalizam 27935 M€, os positivos 14000 M€, donde um saldo negativo de 13931 M€.
Extrapolando linearmente, o défice terá atingido os 17000 M€ no fim de 2008 aumentando a dívida total em mais de 10%.
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Numa situação de crise caracterizada por um ambiente de desconfiança global é difícil imaginar como é que esta escalada pode continuar a ser sustentada. Com a aproximação do Verão, altura em que a actividade económica não ligada ao turismo abranda significativamente em consequência das férias, com o esforço suplementar que os subsídios de férias impõem às tesourarias, as perspectivas não podem ser piores em vésperas de eleições.
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(continua)

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