Saturday, February 07, 2009

MENS SANA CORPUS SANUS

Não me emocionam os resultados dos chamados resultados dos desportos de alta competição e, nomeadamente, os dias do maior circo do mundo em que se transformaram os jogos olímpicos..

Aprecio a beleza de execução de algumas disciplinas mas não me excitam os recordes que são forjados à custa de esforços e habilidades que nada acrescentam ao progresso da humanidade e frequentemente provocam anormalidades nos atletas.

Não sei quantos desses recordes na dedicação a um objectivo sem préstimo, para além dos milhões que fazem cair no bolso dos atletas e dos que participam no circo, são propulsionados pela utilização de drogas. O que se sabe é que a perseguição da glória efémera até à destruição do corpo há muito que é a completa negação do equilíbrio que os jogos da antiguidade procuravam fomentar.

6 comments:

A Chata said...

Rui

Não podia estar mais de acordo consigo.
Nunca consegui entender o interesse de ver pessoas a correr atras umas das outras ou homens em cuecas a correr e a disputar uma bola.
Nâo consigo entender um objectivo de vida que seja correr, nadar ou atirar objectos mais depressa e mais longe que outros.

Se Desmond Morris estiver certo, talvez nos falte o instinto tribal.

Pinho Cardão said...

Caro Rui:
Somos emoção e razão.
Em tese geral, algum desporto tornou-se para muitos atletas uma profissão liberal e também uma indústria. Esse desporto não deveria gerar emoção, é um negócio.
Mas os símbolos sempre estiveram e estarão presentes no homem. Os símbolos apelam à emoção, não à razão. E há desportos e atletas que se tornaram símbolos de uma terra, de um desejo, de uma aspiração, que geram emoções reais e verdadeiras.
Nunca me emocionei com um bom negócio que tivesse ganho, mas emocionar-me-ei com um bom golo do Lucho ou do Lisandro, amanhã, contra o Benfica!...
Há razão nisso?
António Damásio explicou quase tudo no Erro de Descartes!...

António said...

Boa tarde.
Tenho a certeza que você sabe que nos jogos da Antiguidade, o vencedor tinha, durante quatro anos, a vidinha arranjada. Ficava logo comerciante de azeite, que era o dólar da época e do local.
Sempre foi assim e à falta de iniciativa própria para tirar o cu do sofá, elegemos o nosso ídolo para pelo menos sermos, de olhos fechados, nós a cortar a meta em primeiro.
Em pequeno brincou aos cowboys, gostava de ganhar aos índios e até de ser o xerife. Porquê?
Porque gostava de ganhar, já que ninguém gosta(va) de perder.Felizmente que enquanto vencedor, o nosso herói é o nosso modelos, pelas virtudes já que não lhe reconhecemos defeitos.
Perdoamos-lhos ou fazemos vista grossa a tudo o que não seja correcto.
Quem foi Maradona? Só o melhor jogador do Mundo!
Quem é Maradona? É o seleccionador da Argentina.
O que se passou entre uma coisa e outra, sendo desagradável fazemos por não nos lembrar, só olhamos para o positivo, embora possa ser controverso, amado por uns e odiado por outros.
Ser o melhor foi, é e será uma meta para muita gente.
Ter objectivos, nem que seja a feijões, é bom. Não os ter e criticar quem tem é mau.
Lá por eu gostar muito do sofá, não quer dizer que não admire quem treina dezasseis horas por dia, só come coisas próprias e tudo faça para chegar ao topo.
Ser bom actor é mau?Ser bom poeta é mau?Ser bom médico é mau?
Não, ser bom é (deve ser)bom!
Admiro-os e compreendo-os nas
falhas e nas quedas.
Até os anjos caem.

Quem nunca falhou que atire o primeiro dardo.

Rui Fonseca said...

Caro Pinho Cardão,
Caro António,

Paixões, cada um tem as que quer.

E não se discutem. A cada qual a sua. A minha não é o futebol embora goste de ver um bom espectáculo de futebol. Mas posso ter outras, não?

Acontece ainda que o principal tópico deste post não é a paixão pelo desporto mas a droga como propulsor da conquista de recordes.

É a luta sem tréguas, muito comercial e pouco desportiva, que leva os atletas a drogarem-se ou a deixarem drogar-se para conquistar o pódio.

A partir daí, a destruição física e mental não tem, geralmente, fim.

Uma situação que realmente não me emociona a não ser pelo drama e pela vergonha que estes casos espelham.

António said...

Boa noite.
Isto das drogas no desporto é coisa complicada e leva-nos para situações muito discutíveis.
Se é contra as drogas, o chamado dopping, também deve ser contra a utilização de alhos no balneário e defumadouros para influenciar árbitros e equipas adversárias.
E bandeiras em tudo que é carro e janela para amedrontar os visitantes?
E estádios com as cadeiras multicolores, ou todas de cor azul ou vermelha?
E megafones, claques e conferências de imprensa dos jogos?
Não vai tudo dar ao mesmo que o folclore chino?
Abaixo tudo isso, viva o sofá!

Rui Fonseca said...

"Abaixo tudo isso, viva o sofá!"

Caro António,

Já o outro dizia que não há problemas filosóficos, o que há é questões de linguagem.

Ora o que o cartoon que eu comentei neste post é muito claro naquilo que se critica:o facto de um campeão olímpico, aquele que até hoje coleccionou mais medalhas de ouro (sete, nos Jogos Olímpicos de Pequim)ter confessado ser consumidor de droga.

Há uma diferença nítida, não?

Quanto ao sofá, confesso que prefiro.

Não sou atleta de bancada. Prefiro praticar eu próprio algum desporto.