Venho a chegar a casa e ouço na Antena 1 que milhares de gregos se manifestaram esta tarde em Atenas contra a decisão do BCE de hoje, que muitos consideram uma chantagem, de recusar aos bancos gregos a aceitação como colaterais de empréstimos os títulos da dívida pública grega e, deste modo, provocar o asfixiamento do sistema financeiro grego. No Parlamento, Tsipras afirmava que "a Grécia não pode ser chantageada".
Mas não é, ou ainda não é, este o caso.
Porque os bancos gregos podem continuar a financiar-se junto do banco central grego e, hoje mesmo, o BCE deu luz verde a financiamento de 60 mil milhões aos bancos gregos. A curto prazo, observou o sr. Schäuble para que toda a gente perceba que ele também tem voto na matéria. Ora, das duas decisões do BCE, só a segunda é substantiva porque a primeira não ditou nada de novo e não se aplica apenas à Grécia. Só atinge a Grécia porque só a Grécia, neste momento, é atingida pelas regras do BCE em consequência do rating da sua dívida pública. Funcionou com recordatória para quem, eventualmente, estivesse esquecido.
A missão de Draghi é extremamente difícil porque não lhe basta ser um técnico de craveira excepcional, tem de ser também um político suficientemente hábil para demarcar o terreno em que governa e antecipar-se às tentativas de intromissão nas suas competências e nos seus objectivos num tempo de enorme perturbação da UE, e, em particular, da Zona Euro.
Aqui pergunta-se, e recomenda-se: Draghi está seguro dos resultados da sua intervenção? De modo algum - ninguém nesta confusão sabe o que vai acontecer. Mas não entrem em pânico - para já.
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