Friday, February 13, 2015

AS REGRAS DO JOGO

O primeiro-ministro grego Alexis Tsipras terá reafirmado na reunião de líderes da União Europeia que o seu objectivo é encontrar uma alternativa para as políticas de austeridade “que estão a matar a economia”. Em comentário a estas declarações a chanceler alemã reafirmou, por seu lado, que regras são regras e que "não há alternativa ao cumprimento das regras previamente estabelecidas".

Estarão as negociações irremediavelmente comprometidas pelo inabalável dogmatismo das regras estabelecidas?  A Grécia é membro da União Europeia e da Zona Euro com perfeito conhecimento das regras do clube e dos contratos que os governos gregos anteriores subscreveram. Logo, indiscutivelmente, o governo do sr. Alexis Tsipras não pode renegar as regras do clube ou desrespeitar os contratos subscritos pelos seus antecessores enquanto o seu país for membro de pleno direito da União de que o seu país é parte.

Mas, por outro lado, ao sr. Alexis Tsipras, enquanto primeiro-ministro da Grécia, não pode ser negado, ou sequer desvalorizado, o direito de propor o que entender em matéria de alterações das regras ou das condições subscritas anteriormente. Deste modo, o comentário da srª. Merkel pode ter um forte alcance psicológico junto daqueles que lhe admiram a fibra e lhe apaudem incondicionalmente a tenacidade nos lances, mas é políticamente inconsistente porque o respeito pelas regras não inibe os que as estabelecem do poder de as alterarem. Se a chanceler alemã não tem argumentos mais consistentes para rechaçar todas e quaisquer propostas dos dirigentes gregos que visem alterar as regras actuais, o sr. Alexis Tsipras ganhou aquele dia. E, dificilmente, não ganhará outros. Se a Grécia é uma incomodidade para a srª. Merkel dentro da União Europeia, fora dela as incomodidades provocadas pela saída não serão (ou seriam) menores. Obviamente, a srª. Merkel sabe que é assim.

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