Thursday, February 12, 2015

O VARREDOR DA CAIXA

O sr. José de Matos, anunciou ontem os resultados obtidos pela Caixa Geral de Depósitos em 2014: A Caixa só perdeu 348 milhões de euros. O que eleva para mais de 1800 milhões de euros o montante total das perdas da Caixa durante os últimos quatro anos, precisamente o período durante o qual o sr. José de Matos assumiu as responsabilidades executivas máximas do banco do Estado. Na oportunidade, o presidente da Caixa atribuiu as responsabilidades pelas perdas a erros de análises de riscos no passado, erros esses que impuseram ainda em 2014 o reconhecimento de imparidades superiores a 1000 milhões de euros, uma parte das quais, mas ele não concretizou em que medida, se reportam a créditos concedidos ao GES. Num contexto generalizadamente perdedor (dos maiores bancos, só o Santandertotta registou lucros, o BES caiu e do Novo Banco ainda não se conhecem os a quanto se elevarão as perdas) a Caixa obteve, ainda assim, o record dos prejuízos. 

Tendo, em 2012, sido foi recapitalizada em 1 650 milhões de euros - vd. comentário em A Caixarrota -, as perdas acumuladas no quadriénio já ultrapassam os montantes da recapitalização. A alienação de alguns activos de entre os quais se destaca a venda de 80% do grupo segurador "Fidelidade" repôs uma pequena parte do desequilíbrio provocado pelos resultados negativos acumulados. Quando questionado se a Caixa necessita de um novo aumento de capital, o sr. José de Matos declarou evasivamente que não, espera que em 2015 a Caixa volte aos lucros. 

A mesma esperança anunciada pelos outros presidentes perdedores, porque todos alegam que as perdas registadas resultam de estratégias embaladas no passado, num passado em que eles desenhavam vacas gordas em exercícios de desenhos à vista de vacas nitidamente magras. Vale isto por dizer que quando o sr. José de Matos e os outros remetem para o passado as culpas dos resultados actuais, reconhecem que foram os banqueiros  de então os promotores da crise que colocou o sistema financeiro, com todas as consequências daí decorrentes, no estado de patas para o ar em que se encontra.

Com uma notável circunstância agravante para a Caixa: Apesar de desfrutar ainda, por razões históricas, de inagáveis vantagens na obtenção das melhores condições de obtenção de liquidez e de ter absorvido o maior quinhão dos fundos de recapitalização, por ter a irresponsabilidade dos seus administradores promovido ou consentido estratégias de crédito conivente ou absurdo, o sr. José de Matos, apesar do muito lixo que já varreu continua a ter ainda muito por varrer. 

Ali ao lado, o antecessor do sr. José de Matos na presidência da Caixa, sorri-se confortavelmente promovido como presidente da associação dos bancos portugueses porque o culpado de tudo foi o porteiro que o deixou ou o mandou entrar. 

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