É sempre arriscado fazer contas com o que dizem os políticos. Mme. Christine Lagarde disse e repetiu vezes várias que a política de austeridade estava a ser sobre administrada e os representantes do FMI na troica continuaram impávidos e decididos a apertar o parafuso na porca mesmo quando a porca, de modo muito evidente, já não dava mais aperto. E as declarações de ontem do sr. Jean-Claude Juncker são, no mínimo, espantosas se considerarmos as suas responsabilidades e anuências anteriores.
Apesar de espantosas, as declarações de Juncker dificilmente deixarão de ter consequências porque, sendo ele presidente da Comissão Europeia, a partir de agora a sua posição tornar-se-á insustentável se não existir coerência entre o que ele afirmou ontem e o modo como se relacionará Bruxelas com Berlim a respeito do dossier grego. Entre a inflexível dureza, por vezes por demais arrogante, da posição de Schäuble, interpõe-se a partir de ontem a confissão de Juncker que ou o remete de volta para a sua casa ali ao lado ou obriga Schäuble a baixar a bitola para o governo poder saltar para um campo menos minado.
Juncker, por mais volta que se dêm às suas declarações de ontem, não podem senão considerar-se também um claro apoio a algumas das considerações e reivindicações do governo de Alexis Tsipras.
Mas também pode continuar tudo na mesma?
Pois pode. Da capacidade de contorcionismo dos políticos é sempre possível esperar todos os enrolamentos. Mas para já haverá muita genta, pelo menos temporariamente, engasgada.
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