Thursday, January 29, 2015

A CHANTAGEM GREGA


Há algum tempo atrás, anotei neste bloco de notas a quase coincidência de os actuais ou ex-comunistas recentes terem aderido, por acumulação de credos, ou convertido  ao putinismo. Alexis Tsripas é o caso notável mais recente. Ontem, vd. aqui  "O novo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, distanciou-se da ameaça feita pelos líderes da União Europeia (UE) de aumentar as sanções aplicadas à Federação Russa por causa da guerra na Ucrânia, argumentando que não foi consultado." "Na última primavera, no pico da crise na Ucrânia, que envenenou as relações entre Bruxelas e Moscovo, Tsipras viajou para Moscovo para se reunir com dirigentes do governo russo". "O embaixador russo em Atenas foi o primeiro a reunir-se com Tsipras, na segunda-feira, para o congratular pela sua vitória eleitoral." 

Há quatro anos comentei aqui:

"PARA LÁ DA CRISE FINANCEIRA"




Sabe-se que os gregos têm uma péssima relação com as contas de somar (não só os gregos, reconheça-se), e parecem esquecer-se que têm à perna uma coisa recentemente inventada chamada troica. Até hoje, clamava desde há algumas semanas que não tinha com que pagar a funcionários e a fornecedores depois dos primeiros dias de Outubro; agora, talvez porque alguém os obrigou a reverem as contas erradas, admitem ter folga para mais um mês. Também recentemente passaram a admitir que não irão cumprir os objectivos assumidos no compromisso de ajuda externa. Mas, neste caso, muito provavelmente acertam.
É neste contexto de suspense em que a  frieza lenta da decisão da troica se confronta com a renitência grega que as bolsas se afundam e os juros voltam a escalar os limites dos créditos incobráveis. 

Para lá  do risco sistémico que um default da dívida soberana com consequências incalculáveis poderia provocar junta-se o risco político. Entregue à sua sorte e ao caos superveniente, a Grécia poderia ser o primeiro palco de um golpe militar num país membro da UE e da NATO. Culturalmente, na opinião de Huntington, mais próxima da Rússia que dos EUA (segundo inquérito recente os gregos são maioritariamente anti norte-americanos), a saída da Grécia do euro e da União Europeia dificilmente deixaria de por os gregos debaixo de outras asas militares.

Os gregos sabem disto, e essa é uma das razões por que erram tantas vezes as contas de somar."
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Sobre o mesmo tema, vd.
O assalto à democracia
O abraço de Putin
Inimigos, inimigos, negócios à parte
 

1 comment:

Unknown said...

Sendo calculos estrategicos ou repetição do desgoverno PREC iremos saber depressa.