Sunday, January 11, 2015

A QUEM APROVEITA O CRIME?

"Tome nota: na segunda-feira, às 15h, vai haver um crime, na Av. Fontes Pereira de Melo, nº 40, em Lisboa. O Presidente da República sabe que o crime vai ser cometido. O primeiro-ministro sabe que o crime vai ser cometido. O ministro da Economia sabe que o crime vai ser cometido. E nenhum faz nada, ..." "A Altice está desejosa de comprar e faz tudo para isso: acordos com os CTT, garantias aos sindicatos da PT, cedência de 20% do capital à PT SGPS. Nesta, os nacionais estão dominados pelo desejo de encaixe (Novo Banco, Ongoing, Visabeira, Controlinveste) e os estrangeiros também não têm nenhuma preocupação estratégica. A PT e o país que se lixem. O crime dificilmente será evitado" - Nicolau Santos (Expresso/Economia)

 " Tudo isto é uma anedota pegada" - João Vieira Pereira  (Expresso/Economia)

Não, senhores jornalistas. 
O que se passou na PT, e o que (pouco) mais adiante se verá, nem é uma anedota nem um crime a consumar. Antes, pelo contrário, tudo, o que já aconteceu e o que vai acontecer, é resultado de uma série complicada de trocas de interesses entre coniventes nos mesmos logros que alguém terá de pagar. Quem?
Pois aqueles que não foram nem serão participantes nos jogos de interesses, porque são miúdos demais, e a imagem arruinada da Bolsa de Valores de Lisboa por culpa de quem tem a responsabilidade de assegurar a transparência de processos no mercado de valores mobiliários e tem-se revelado impotente ou incompetente para realizar a missão de que está incumbida.
Por que é que os investidores estrangeiros debandam ou, quando entram, entram pelas portas das trazeiras? Porque, além do mais, que ainda assim é muito, a Bolsa de Valores de Lisboa não é respeitável. 

Quem ganha?
Afirma Nicolau Santos que os nacionais estão dominados pelo desejo de encaixe, mas está a ver o filme ao retardador. O encaixe, Nicolau, já foi. Os crimes, já foram. Do peixe gordo, agora só restam espinhas.
O senhor Zeinal Bava, o senhor Henrique Granadeiro, e todos quantos os acompanharam nestes últimos anos, encaixaram nas retribuições à grande e americana, bónus e tutti quanti, com que o senhor Ricardo Salgado os brindou por troca das contrapartidas prestadas, que não se limitaram aos empréstimos, ruinosos para a PT, ao GES.
Mas há mais.

Quando, em Setembro, a AG aprovou, quase por unanimidade, e perante o silência da CMVM, a redução da participação da PT SGPS na CorpCo, a nova empresa que passaria a ser a maior accionista da Oi, de 37% para 27%, alegadamente porque teria, entretanto, sido descoberto que a PT emprestara quase 900 milhões de euros ao GES, que se revelara inesperadamente insolvente, implicitamente aceitou a invocação pela Oi do desconhecimento daqueles empréstimos que, aliás, vinham a rolar há catorze anos.

Ora ninguém, minimamente inteligente, pode entender como é que um conjunto de gente, que não poderá ser considerada estúpida, aceita a redução tão drástica dos seus interesses de ânimo leve e um sorriso de satisfação pelo resultado obtido, se não considerar que, por trás ou por baixo da mesa não tiverem sido passadas contrapartidas. Ninguém, minimamente atento, pode aceitar que de um lado e de outro, PTGPS e Oi, houvesse desconhecimento daqueles empréstimos na altura da assinatura de contrato de fusão a concretizar na Oi. Porque todos eles sabiam, e tinham obrigação de saber, o que revelavam as contas auditadas e os relatórios dos avaliadores, nomeadamente do Santander. 

É essa troca antecipada e escondida de vantagens que vai levar a que na 2ª. feira, pelas 15 horas, na Av. Fontes Pereira de Melo não seja cometido um crime porque o crime já foi cometido antes.

No comments: