Ontem, Fernando Ulrich afirmava : "Fusão PT/Oi é uma tragédia e deve ser travada" - cf. aqui - e esclarecia que não sendo o BPI accionista directo da PT, é indirectamente pela sua participação no Novo Banco através do Fundo de Resolução, e estranha que não haja quem se disponha a travar a venda em perspectiva.
Também ontem, a administração da PT divulgou aqui este comunicado, onde, resumidamente, só agora reconhece que o objectivo pressuposto da fusão é prejudicado pela venda da PT Portugal; desconhece quaisquer garantias de que aquele objectivo possa ser atingido por outras vias; mantém a convocatória da assembleia-geral para a próxima segunda-feira, na ausência de novos dados que justifiquem a sua suspensão; considera irrelevantes para a discussão agendada - a venda da PT pela Oi - a OPA, entretanto retirada, de Isabel dos Santos e as conclusões do relatório da PwC; considera que, não sendo coincidentes os pareceres jurídicos sobre a legalidade da reversão do acordo de fusão, não pode tomar posição sobre o assunto.
Notável:
- O atraso de entendimento da administração da PT SGPS no reconhecimento de uma dupla evidência: o objectivo da fusão foi claramente subvertido e não é susceptível de ser recuperado por outras vias.
- A desvalorização de dois factos que tiveram expressivos reflexos nas cotações da PT em bolsa: a OPA e o relatório da PwC. Notável ainda, a este propósito, a notícia hoje publicada no Público - vd. aqui - "A administração da PT SGPS pediu que a auditoria omitisse nomes dos responsáveis no financiamento à Rioforte". Pedido acatado pela PwC. Dupla falta de vergonha. Notável ainda que, segundo a mesma notícia, os auditores incluam os signatários do contrato PT/Oi no (óbvio) antecipado conhecimento dos empréstimos da PT ao GES.
- A pilatização da administração perante a mais que esperada disparidade de pareceres jurídicos.
Segundo o Expresso online de hoje os reguladores estarão a analisar as ligações entre a Ongoing (accionista com cerca de 10% da PT), a Oi e a Altice, admitindo-se que a Ongoing seja inibida de votar na assembleia de segunda-feira a venda da PT Portugal.
Embrulhadas de factos por demais evidentes que a CMVM consentiu que fossem longe demais (a PT não era, e não é, uma empresa qualquer) e que agora, tarde e a más horas, tenta desembrulhar.
Oxalá seja considerado o alarme de Ulrich.
Pela minha parte, no que apontei várias vezes sobre o assunto neste bloco de notas, e que pode ser localizado clicando em PT no fim deste apontamento, limitei-me a observar o que me parecia, e continua a parecer, óbvio, mas que só agora se revelou à administração da PT SGPS, ou parte dela, aos auditores, à CMVM, e a muitos outros, inteligentes mas condicionados por interesses próprios ou receios de perdas de vantagens pessoais.
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*Por razões inexplicáveis o apontamento que editei esta manhã com o mesmo título foi eliminado.Tento agora recolocá-lo de forma mais sucinta.
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