Que os bancos não vão suportar as perdas resultantes da diferença entre o valor do empréstimo do Estado ao Fundo de Resolução e o valor de venda do Novo Banco, e que essa perdas serão, no fim de contas, suportadas pelos mesmos de sempre, i.e., os contribuintes, vem sendo a leng-lenga cantada sobretudo pela oposição e, mais e mais alto, pelos partidos à esquerda do PS. Nada nem ninguém nos garante que não venha a ser assim, e haverá pelo menos uma inevitável dentada nas receitas do OE decorrente da participação da CGD (20%) no fundo de resolução, ainda que o PR, talvez para rimar, tenha dito que não.
Dito isto, tem de reconhecer-se que tal lenga-lenga não contribui, antes pelo contrário, para que sejam aliviadas deste risco as costas dos contribuintes. A arenga da ideia de que os bancos não pagarão vai induzindo na opinião pública de que será, fatalmente assim. E à medida que essa indução se processa ganham os bancos fôlego para, quando as contas forem feitas, tentarem escapar ao pagamento das quotas por todos os meios que tiverem à mão, e não serão poucos, sem que a opinião pública, já anestesiada pela lenga-lenga, se revolte.
Enquanto este Governo, este ou quaisquer outros que vierem, continuar a garantir junto da opinião pública que a responsabilidade última impende sobre as instituições participantes do Fundo de Resolução, onde à CGD cabe a parte maior, é essa a convicção que deve ser adquirida pela opinião pública. Que terá, então, mais força anímica para protestar se, afinal, for mesmo enganada.
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