Frau Merkel afirmou hoje que Portugal e Espanha têm licenciados mais. E pergunta-se aqui a quem tem responsabilidades de monta no ensino superior: "Será que Merkel enunciou "um disparate" que terá "implicação positiva no humor dos portugueses"? Quem respondeu, considera que Merkel disse um disparate, e essa vai ser a reacção generalizada nos próximos dias. Terá dito?
Se não disse um disparate, foi pelo menos desastrada. Ou, dito de outro modo, foi politicamente inconveniente. Admitamos, no entanto, que a afirmação não era de Merkel mas de um qualquer crítico português com acidez elevada mas espaço garantido num dos jornais de maior circulação. Penso que muitos leitores concordariam, muitos outros discordariam, mas, provavelmente não a rotulariam de disparate.
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Porque Merkel não disse apenas que Portugal tinha licenciados a mais, também disse que tinha diplomados com formação vocacional a menos. Na Alemanha, ainda que o número de licenciados no grupo etário de referência seja superior ao observado em Portugal, o número de formados em institutos médios é superior ao de formados nas universidades. Em Portugal a situação é inversa. Considerando o grau de desenvolvimento relativo das duas economias, Portugal não tem economia suficiente para os licenciados formados em algumas áreas. Daí a elevada taxa de desemprego de licenciados e o número elevado de licenciados que continuam a emigrar.
Que fazer? Prestigiar o ensino profissional. Enquanto o ensino profissional for visto como uma saída para quem não tem unhas para entrar na universidade, o nível médio do ensino superior será inferior e os institutos médios continuarão a reclamar estatuto universitário porque de outro modo não angariam alunos. Ajudaria também que, mais do que ridicularizar o erro de Merkel, fosse ridicularizado o hábito ainda persistentemente generalizado de se ouvir chamar à volta tanto "senhor doutor" e tanto "senhor engenheiro". O desenvolvimento humano suporta-se no desenvolvimento educativo e não na proliferação de penachos.
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Correl. (10/11) - Afinal o erro de Merkel sobre o número de licenciados escondia alguma razão
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Correl. (10/11) - Afinal o erro de Merkel sobre o número de licenciados escondia alguma razão
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