O sucesso da emissão, hoje, de 3 milhões de dívida publica grega a 5 anos, a uma taxa de 4,95%, aliado ao facto da Irlanda ter obtido uma taxa de 2,91% numa emissão a 10 anos, levou o FT a titular "entusiasmo investidor alastra-se pela Europa". Como a Grécia continua embaraça da com uma dívida pública elevadíssima - cerca de 175% do PIB -, mesmo depois dos resgates e reestrurações, envolvendo reduções de dívida de juros, estamos a assistir a uma súbita comovente alteração dos objectivos dos investidores de todo o mundo?
Certamente que não. Os investidores não se comovem. Os investidores movem-se consoante as circunstâncias com que se lhes deparam. Neste caso, a explicação mais plausível para esta mudança de atitude só pode envontrar-se no único facto novo: as declarações de Draghi que há uma semana atrás comentei aqui.
Se o que disse Draghi em Julho de 2012 e a semana passada tivesse sido dito quando deflagrou a crise outra seria a situação dos países que o tsunami financeiro apanhou fora de pé. Alguns dirão que, nesse caso, não teriam os que tinham sido afoitados para se lançar em águas em que não sabiam nadar recuado das posições de perigo. Mas é uma justificação inconsistente porque as medidas tomadas para resgatar os afogados não os deixou livre de perigo - a reforma do Estado em Portugal continua por fazer após três anos de intervenção da troica - e deixou-os ainda com menos pé - a nossa dívida pública subiu, ainda que não tenha subido tanto quanto reclama a oposição.
E a dúvida subsiste: até onde irá, ou poderá ir, Draghi sem ser desautorizado por Schäuble?
O entusiasmo investidor é embalado pelo fulgor das paixões: dá forte mas passa depressa. O peso do ambiente envolvente está longe de estar desanuviado. Antes, pelo contrário, o confronto aberto na Ucrânia vai ser decisivo para uma clarificação do que pretendem os europeus fazer com a União Europeia.
Se o que disse Draghi em Julho de 2012 e a semana passada tivesse sido dito quando deflagrou a crise outra seria a situação dos países que o tsunami financeiro apanhou fora de pé. Alguns dirão que, nesse caso, não teriam os que tinham sido afoitados para se lançar em águas em que não sabiam nadar recuado das posições de perigo. Mas é uma justificação inconsistente porque as medidas tomadas para resgatar os afogados não os deixou livre de perigo - a reforma do Estado em Portugal continua por fazer após três anos de intervenção da troica - e deixou-os ainda com menos pé - a nossa dívida pública subiu, ainda que não tenha subido tanto quanto reclama a oposição.
E a dúvida subsiste: até onde irá, ou poderá ir, Draghi sem ser desautorizado por Schäuble?
O entusiasmo investidor é embalado pelo fulgor das paixões: dá forte mas passa depressa. O peso do ambiente envolvente está longe de estar desanuviado. Antes, pelo contrário, o confronto aberto na Ucrânia vai ser decisivo para uma clarificação do que pretendem os europeus fazer com a União Europeia.
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